Paris sobressaltada por cinco drones em locais sensíveis

Embaixada norte-americana, Torre Eiffel, Torre de Montparnasse e Praça da Concórdia entre os sítios sobrevoados pelos aparelhos em apenas uma noite.

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Guillaume Baptiste / AFP

Cinco drones sobrevoaram os céus de Paris durante a última noite, deixando as autoridades francesas em alerta pela escolha dos locais por onde passaram, considerados “sensíveis”.

Na capital francesa, em alerta máximo desde os atentados terroristas do início do ano, qualquer acontecimento fora do normal é objecto da máxima atenção. Os drones foram localizados um dia depois de a França ter anunciado um reforço militar no âmbito da coligação internacional que tem bombardeado várias posições do grupo Estado Islâmico no Iraque.

A presença de engenhos voadores não-tripulados no céu nocturno de Paris entre a meia-noite de segunda-feira e as 6h da manhã de terça (menos uma hora em Portugal Continental) deixou a polícia a perguntar-se sobre a sua origem e as suas intenções. “Será um brinquedo ou trata-se de vigilância para uma acção futura? A investigação dirá”, observou um comissário parisiense, citado pela AFP.

Os alarmes soaram por volta da meia-noite, quando o primeiro drone foi visto a sobrevoar a embaixada norte-americana, perto do Palácio do Eliseu, onde está sedeada a presidência da República. O carácter sensível do local levou as autoridades policiais a manter-se no rasto do aparelho que “continuou o seu voo até aos Invalides” [palácio no centro de Paris], precisou uma fonte policial.

A Torre Eiffel, a Torre de Montparnasse e a Praça da Concórdia foram alguns dos locais que foram sobrevoados por outros quatro drones detectados pelas forças de segurança. No entanto, as forças de segurança ainda desconhecem se houve algum tipo de coordenação entre os vários aparelhos.

A polícia mobilizou quase todos os seus meios para tentar descobrir a identidade dos manobradores dos aparelhos, mas acabou por lhes perder o rasto. A lei francesa proíbe que se sobrevoem espaços públicos sem autorização.

De acordo com a Direcção-Geral da Aviação Civil francesa, “o sobrevoo de aglomerações ou grupos de pessoas não é possível a não ser no quadro de uma autorização municipal emitida após a notificação do serviço de defesa e da direcção regional da aviação civil”.

Foi aberta uma investigação aos voos suspeitos que, apesar de não serem novidade em França, suscitaram maior apreensão pela sua quantidade numa única noite. As centrais nucleares francesas têm sido frequentemente sobrevoadas por drones nos últimos meses. No final de Janeiro, lembra a AFP, pequenos aparelhos foram detectados na ponta ocidental de França, em Brest, onde estão ancorados quatro submarinos nucleares – um dos locais mais bem protegidos do país.

Forças de segurança e especialistas reconhecem que a novidade deste tipo de fenómenos requer novas formas de abordagem e mais meios de acção. “As forças de ordem andam às apalpadelas”, observou o especialista em segurança aérea Christophe Naudin. "É necessário encontrar, daqui até 2020, uma resposta adequada, antes que pessoas mal intencionadas encontrem uma aplicação criminal para os drones", acrescentou Naudin em entrevista ao Le Figaro.

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