Suspeitos de ataque ao Charlie Hebdo mortos após operação da polícia

Ambos os cercos da polícia em Paris chegam ao fim.

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Vários helicópteros estão a ser utilizados pela polícia nesta operação JOEL SAGET/AFP
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Agentes do corpo de intervenção em Dammartin-en-Goêle, Nordeste de Paris REUTERS/Christian Hartmann
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Um agente policial no topo de um edifício em Dammartin-en-Goêle JOEL SAGET/AFP

Acabou uma operação da polícia contra os dois suspeitos do ataque ao jornal Charlie Hebdo, que se barricaram numa empresa gráfica na localidade de Dammartin-en-Goêle, no Nordeste de Paris. Desde as 16h são ouvidos tiros e explosões no local onde os dois homens armados mantêm um refém. Pouco depois, a operação é dada como terminada e a polícia informa que os dois suspeitos morreram.

O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, tinha confirmado logo de manhã uqe havia uma operação em curso para neutralizar os autores do atentado”: os irmãos Chérif e Said Kouachi, de 32 e 34 anos, em fuga, são os suspeitos do ataque ao semanário satírico, tendo ligações à Al-Qaeda do Iémen, segundo os serviços secretos norte-americanos.

Os dois fizeram um refém na empresa gráfica onde ficaram cercados, que terá escapado ileso. Os hospitais na zona foram avisados para se preparar para a chegada de feridos e três escolas foram evacuadas – centenas de alunos de várias idades foram transferidos para um ginásio, onde foram recebidos pelos seus familiares.

A condutora de um Peugeot 206 roubado pouco antes em Aise, onde se focavam na véspera as operações de busca dos suspeitos, identificou formalmente os dois irmãos como autores do roubo do carro, que se dirigiu a Seine-et-Marne, onde houve depois a troca de tiros, segundo o diário francês Le Monde 

A polícia montou uma grande operação de busca aos dois suspeitos, e, segundo o ministro do Interior, há por toda a França 88 mil agentes dedicados a operações de contra terrorismo, incluindo a busca aos supeitos do ataque que matou 12 pessoas e deixou quatro feridas com gravidade - esta sexta-feira, o ministro do Interior disse que, apesar do estado grave, os feridos não estavam já em risco de vida.

Testemunhos na zona, que estava completamente fechada, pela polícia, com barreiras na principal estrada de acesso, falam de sete helicópteros no ar, e um funcionário de uma empresa disse que tinham recebido instruções para se manter no interior e não estar perto das janelas. “Neste momento não há nenhum movimento, ninguém entra ou sai”, explicou à emissora RTL.

Um comercial que teve uma reunião na empresa onde estão os suspeitos disse ao jornal Figaro que se cruzou com um deles. “Cruzei-me com um dos terroristas, apertei-lhe a mão e disse-lhe bom dia”, e ele disse: 'Monsieur, não matamos civis'”, continuou. “Vou jogar na lotaria, porque tive muita sorte esta manhã.”

Foi entretanto identificado o suspeito de um outro ataque, na quinta-feira de manhã, que vitimou uma polícia, e detidas duas pessoas do seu círculo próximo. E pela primeira vez, os investigadores estão a ligar os dois ataques, segundo a agência AFP. Os suspeitos dos ataques ao Charlie Hebdo e da morte da polícia estariam no mesmo círculo radical em França, dizem fontes ligadas à investigação citadas pelo Figaro.  


Zona onde estão a decorrer as operações (Fonte: Google Maps)

França está “em guerra contra o terrorismo”
Enquanto isso, o Presidente francês, François Hollande, disse numa conferência de imprensa de manhã que “a França está em choque por os autores ainda não terem sido detidos.” “E falo-vos quando está em curso uma operação.”

Mas o Presidente defendeu as operações antiterrorismo, quando um dos suspeitos já tinha sido condenado por acções extremistas, incluindo uma tentativa de se juntar à jihad no Iraque: “Evitámos tentativas de atendados”, sublinhou Hollande, “e há ainda muitos outros que possam acontecer”, continuou. “Devemos fazer tudo para proteger os nossos cidadãos.” Hollande falará de novo Às 20h em Paris (menos uma hora em Lisboa).

Antes, o primeiro-ministro, Manuel Valls, veio dizer que a França está “em guerra contra o terrorismo”, não “contra uma religião”, um dia depois de serem registados vários ataques a mesquitas e uma loja de kebabs, que não fizeram vítimas.

Valls acrescentou que “será sem dúvida necessário tomar novas medidas” para “responder à ameaça terrorista”, sem dar detalhes. 

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