Acções do BPI sobem 27% com a OPA do CaixaBank

Banco espanhol já detém 44% do capital do BPI e pretende, no mínimo, ficar com a maioria. A oferta é de 1,329 euros por acção.

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O CaixaBank comprou cinco bancos nos últimos cinco anos: o BPI é a primeira operação fora de Espanha
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O CaixaBank comprou cinco bancos nos últimos cinco anos: o BPI é a primeira operação fora de Espanha Público

O banco espanhol CaixaBank lançou nesta terça-feira uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre 100% do capital do BPI. O banco espanhol já detém 44,1% do capital do banco português (é o seu maior accionista), mas as normas internas no BPI limitam a 20% o seu direito de voto.

Agora, o CaixaBank, de acordo com o comunicado enviado ao regulador do mercado de capitais, a CMVM, pretende que essa blindagem dos direitos de voto seja eliminada e quer, no mínimo, ficar com mais de 50% do capital, pelo que basta assegurar mais 6% do banco liderado por Fernando Ulrich.

A instituição financeira espanhola está a oferecer 1,329 euros por cada acção, o que representa um prémio de 27% face ao valor de fecho de ontem dos títulos do BPI. Depois de um breve período de suspensão dos títulos, as acções dispararam, terminando a sessão com uma valorização de 27%, para 1,325 euros, aproximando-se do valor oferecido na OPA. O sucesso da operação sobre o total do capital do BPI implicaria um investimento de 1082 milhões de euros por parte do CaixaBank.

O banco espanhol espera que a aquisição, a concretizar-se, gere sinergias de 130 milhões de euros em 2017, segundo estimou o conselheiro delegado do CaixaBank, Gonzalo Gortázar, numa conferência de analistas, escreve a Lusa a partir de Barcelona.

Interesse no Novo Banco
A OPA precisará ainda da aprovação do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e da Autoridade de Supervisão dos Seguros e dos Fundos de Pensões.

De acordo com jornal espanhol El País, a operação está ligada ao interesse na compra do Novo Banco. A intenção seria a fusão deste com o BPI, reduzindo custos e ganhando eficiência, e criando dessa forma o maior banco português, superando com os seus 120 mil milhões de activos a Caixa Geral de Depósitos, detida pelo Estado.

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O BPI é um dos bancos na corrida ao Novo Banco, que entrou agora numa segunda fase, e na qual está também o Santander Totta (que é, neste momento, o maior banco espanhol com actividade em Portugal).

Num comunicado entretanto enviado à CMVM, o presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, e o chairman, Artur Santos Silva, reafirmam o interesse da instituição no Novo Banco e sublinham que “independentemente dos desenvolvimentos do processo” da OPA, “prosseguirá sem alterações e com inteira normalidade o seu plano de actividades, incluindo a anunciada candidatura à aquisição do Novo Banco”.

Fernando Ulrich e Artur Santos Silva Fernando Ulrich sublinham ainda que o Caixa Bank tem mantido “um apoio permanente à estratégia de crescimento e afirmação do Grupo BPI nos últimos 20 anos”.

O CaixaBank é uma das maiores instituições financeiras espanholas e comprou desde 2010 cinco bancos (Caixa Girona, Bankpyme, Banca Cívica, Banco de Valencia e o negócio do Barclays em Espanha). Se a OPA desta terça-feira for bem-sucedida, o BPI será o primeiro banco adquirido pelos espanhóis fora de Espanha.

Mudanças accionistas
A última grande alteração accionista do BPI ocorreu em Abril de 2012, quando o brasileiro Itau, accionista histórico, vendeu a sua posição ao CaixaBank. Na altura, os espanhóis ficaram com os 18,87% do Itau por 93,4 milhões de euros (50 cêntimos por acção). Com essa operação, subiram de 30,1% do capital para 49%. No entanto, a blindagem dos direitos de voto a 20% permitiu que não fosse lançada uma OPA. De seguida, o CaixaBank alienou uma fatia das acções a Isabel dos Santos (hoje a segunda maior accionista do BPI, com 19%), descendo a sua posição para os actuais 44,1%.

Além do CaixaBank e de Isabel dos Santos (via Santoro), o BPI conta ainda com um accionista de relevo: o grupo Allianz, que detém 8,4%. Depois, há outros accionistas de referência, com mais de 1%, onde se inclui a Arsopi (de Armando Leite de Pinho, com 2,1%), a HFV (da família Violas, com 1,96%) e a Auto-Sueco (com 1,5%). Ao todo, o BPI conta com cerca de 22 mil accionistas, incluindo vários pequenos investidores.

Prejuízos e exposição a Angola
No ano passado, o BPI fechou o exercício com um prejuízo de 161,6 milhões de euros, em resultado da actividade em Portugal que incorporou 264,3 milhões de euros associados a custos e perdas não recorrentes (sem este impacto, o BPI teria perdido 23 milhões de euros na actividade doméstica). A actividade internacional contribuiu com 126,1 milhões de euros positivos, dos quais 116,9 milhões são provenientes da posição de 50,1% detida no Banco de Fomento de Angola (BFA), e da qual Isabel dos Santos também é accionista, via Unitel (dona dos restantes 49%).

Nesta altura, o BPI ainda tem de ajustar a dimensão da sua exposição a Angola, devido a uma alteração regulamentar europeia à contabilização dos rácios de capital, que entrou em vigor no início deste ano.

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