Os protagonistas da bolsa em 2014

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A derrocada do BES teve um impacto terrível na bolsa. Até à suspensão das acções, a 1 de Agosto, a queda superou os 90%, para 0,12 euros. A derrocada do BES e de todo o Grupo Espírito Santo haveria de se precipitar entre Junho e Julho. As acções da ESFG foram suspensas a 10 de Julho, e a sua negociação não voltou a ser retomada. Seguiram-se semanas de braço-de-ferro entre Ricardo Salgado e o Banco de Portugal, sobre a nomeação de uma administração independente da família e a recapitalização do banco. E os resultados semestrais – um prejuízo de 3600 milhões – acabariam por precipitar a intervenção no banco.

Os estragos não se limitaram a reduzir o PSI-20 a 18 títulos. O impacto no BCP e BPI foi muito negativo e ainda não terminou, já que os dois bancos integram o fundo de resolução. O BCP, que conseguiu reembolsar boa parte da ajuda ao Estado, aproxima-se do final do ano a perder 26%. O BPI, que já finalizou o reembolso, apresenta uma queda de 14%. A instituição liderada por Fernando Ulrich, candidata à compra do Novo Banco, está a ser penalizada pelas alterações relacionadas com a contabilização dos activos em Angola.

As acções da PT SGPS perderam 68% do valor (até 24 de Dezembro). Foram 12 meses que marcaram de forma irreversível a vida da empresa, que em Janeiro começou a negociar em bolsa a valer 3,12 euros como operadora líder do mercado português, com negócios no Brasil e em África com a perspectiva de participar numa fusão com a brasileira Oi.

Agora, a PT SGPS é uma holding sem activos operacionais, que tem como único investimento uma posição de 39% na Oi (que diminuirá para 25,6%, devido aos investimentos de 900 milhões na Rioforte), que entretanto passou a controlar os activos operacionais (a PT Portugal e as participações em empresas africanas). Os seus accionistas preparam-se para votar a 12 de Janeiro a venda da PT Portugal à francesa Altice. No final da sessão bolsista de 24 de Dezembro, as acções da PT SGPS fecharam a valer menos de um euro, abaixo dos 1,35 euros que a empresária angolana Isabel dos Santos disse estar disposta a pagar por cada título numa OPA, que não chegou a sair do papel.

A forte queda do petróleo explica a forte desvalorização da Galp. Um dos títulos com maior peso no índice acumula uma perda de 26%, para 8,8 euros. Antes da derrocada dos preços do ouro “negro”, a Galp Energia subia mais de 15%, para 13,75 euros.

A família Mota-Engil termina o ano em forte desvalorização, acelerada com a queda do preço do petróleo. A derrocada do BES levou-a a adiar o IPO da Mota-Engil África na Bolsa de Londres e a operação sofreu uma reviravolta. A empresa que concentra os negócios em Angola acabou por pedir admissão à bolsa de Amesterdão, mas sem IPO (apenas com 20% de capital disperso). Desde que entrou em bolsa, o título perde cerca de 46%, e as acções da casa-mãe, a Mota-Engil, perdem mais de 50%. Nas contas anuais, a desvalorizaçãoo é de 36,8%.

A estreia em bolsa dos CTT aconteceu ainda em 2013, em Dezembro, e 2014 foi o grande teste de resistência. As acções da empresa tiveram uma ascendente e conseguiram crescer este ano perto de 45%. A última fase da privatização da empresa dos correios foi concluída em Setembro, com a venda da última fatia de capital que o Estado detinha nos correios (uma participação de 31,5%).

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