Agora é a vez da credibilidade do BCE ir a teste nos mercados

Itália, com nove bancos a chumbarem, pode ser visada pela desconfiança do mercado.

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Os responsáveis do BCE afirmam que teste irá reforçar confiança na banca europeia Reuters

Dos 130 bancos avaliados, 25 chumbaram os testes, sendo neste momento necessário realizar um reforço de capital de 25 mil milhões de euros em 13 instituições. Depois de meses de espera, com muitos rumores e palpites pelo meio, este foi o veredicto apresentado este Domingo pelo Banco Central Europeu sobre a saúde do sector bancário europeu. No dia seguinte espera-se para ver o que é que os mercados retiram deste exame, nomeadamente se acreditam que a avaliação feita pelo banco central é mesmo a correcta.

Os resultados não surpreendem. Os 25 bancos que chumbaram era um número de que já se falava nos dias anteriores e que estava em linha com a maior parte dos prognósticos. Anecessidade de reforço de capital de 25 mil milhões em 13 bancos (os outros doze já resolveram esse problema no decorrer de 2014, é mais baixo do que aquilo que vinha sendo previsto.

Não há qualquer expectativa de que os mercados possam ter uma reacção de surpresa em relação aos problemas encontrados na banca europeia. A dúvida que persiste é se o teste será visto como credível.

Nos dois últimos exames, esse acabou por ser o problema. Os chumbos de bancos europeus não foram muitos, mas depois a realidade encarregou-se de mostrar que os problemas existiam. Será que a história se repete?

Desta vez, o BCE fez uma coisa diferente. Preparando-se para assumir as tarefas de supervisão em toda a banca europeia, o banco central realizou a chamanda avaliação da qualidade de activos, não se limitando a testar a resistência dos bancos a cenários adversos. Essa forma detalhada como verificou as contas dos bancos dá, de acordo com alguns analistas, mais força ao processo. “De uma forma geral, parece-me que o BCE passou o seu próprio teste de stress hoje – este exercício parece credível por agora”, afirmou Nicolas Veron, do think tank Bruegel, em declarações ao Financial Times.

Numa conferência de imprensa realizada este Domingo, Vítor Constâncio, vice-presidente do BCE, afirmou que "esta avaliação profunda e sem precedente das posições dos maiores bancos vai aumentar a confiança do público no sector bancário". De qualquer forma, tal como aconteceu nos testes anteriores, os mercados podem durar meses até formarem a sua opinião.

Mais rápido pode ser o impacto dos resultados muito negativos registados pela banca italiana. De acordo com os dados do BCE, nove dos quinze bancos italianos testados chumbaram. O que maior insuficiência de capital apresentou foi o Monte dei Paschi, com 2100 milhões de euros em falta. Três bancos gregos, três cipriotas, dois da Bélgica e da Eslovénia e um de cada na Alemanha, França, Áustria, Irlanda, Espanha e Portugal completam a lista de 25 bancos que falharam o exame.

Entre os 13 que o BCE considera ainda não terem o seu problema resolvido, estão mais uma vez em maioria os italianos, com quatro, acompanhados de dois gregos, dois eslovenos e um cada um de Chipre, Bélgica, Áustria, Irlanda e Portugal.

A tentar explicar o que se passou com a banca italiana, Fabio Panetta, um membro do conselho de administração do Banco de Itália, explicou tudo com a situação da economia. “Se o crescimento não regressar, será muito difícil ter um sistema bancário sólido no longo prazo”, reconheceu. Ainda assim, garantiu, numa tentativa de tranquilizar os mercados, que no curto prazo não haverá problemas, defendendo que o chumbo de tantos bancos no exame apenas acontece num cenário de “colapso da economia italiana”, cujas hipóteses de acontecer são “praticamente zero”.

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