Merkel diz que crise no BES é reveladora da fragilidade do euro

Chanceler alemã aproveitou para lembrar que o alívio de metas do défice e da dívida são um risco.

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Merkel afirmou que o exemplo de um banco português mostra como os mercados se agitam rapidamente AFP/MICHAEL GOTTSCHALK

A crise que o Grupo Espírito Santo (GES) atravessa serviu de mote à chanceler alemã para alertar para os riscos de maior flexibilidade nas metas do défice e da dívida, que têm vindo a ser sugeridas por alguns países, nomeadamente França e Itália.

Durante uma campanha da União Democrata-Cristã (CDU) na cidade de Jena, na Alemanha, Angela Merkel avisou que a instabilidade causada pela crise no BES é reveladora das fragilidades do euro.

“Se nos afastarmos agora das regras, por exemplo ao nível do Pacto de Estabilidade e Crescimento, e de tudo o que fizemos para estabilizar o euro, podemos muito rapidamente entrar numa situação em que nos começamos a afundar”, afirmou a chanceler alemã, citada pela Bloomberg.

Merkel acrescentou, sem mencionar explicitamente o BES, que “o exemplo de um banco português mostrou-nos nos últimos dias como os mercados se agitam, como a incerteza volta rapidamente e como ainda é frágil a construção do euro”.

Na sexta-feira, a agência Moody's cortou o rating da dívida BES de Ba3 para B3 e o rating de depósitos de Ba3 para B2 por causa de "preocupações com a credibilidade do banco, que são acentuadas com a falta de transparência no estabelecimento de protecções (ring-fencing) contra quaisquer problemas que surjam na sua empresa holding ESFG ou em qualquer outra entidade do grupo".

Também a canadiana DBRS seguiu o mesmo caminho, baixando a notação financeiro do ESFG, que detém 25% do BES, de BBB- para B. A descida de cinco níveis foi explicada em comunicado pela agência com a existência de “preocupações significativas acerca da deterioração da situação financeira do grupo, com um elevado nível de incerteza em torno da extensão das exposições entre as empresas e as ligações a outras entidades do GES”. 

Os efeitos colaterais desta crise não se fazem sentir apenas na esfera do GES. Além dos impactos na PT, que tem sido castigada em bolsa pela aplicação de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte (que pertence ao grupo), outras entidades estão profundamente expostas a esta instabilidade. 

Tal como o PÚBLICO noticiou neste sábado, a Caixa Geral de Depósitos tem uma exposição de 300 milhões de euros a empresas do GES.

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