Empresas portuguesas desafiadas a reforçar aposta na China

Embaixador da China em Lisboa entende que as relações entre os dois países estão num "novo auge de desenvolvimento"

“É preciso andarmos depressa se queremos ser actores importantes na China”. O recado é de Agostinho Ferreira, administrador da Caima, num almoço da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), onde explicou a uma plateia de empresários os desafios e oportunidades encontrados pela papeleira do grupo Altri no mercado chinês.

Se a Caima apostou na produção de pasta solúvel – usada na indústria têxtil para o fabrico de viscose e com procura crescente na China – outras empresas devem ser rápidas a fazer o trabalho de casa e conquistar o seu lugar num mercado para o qual Portugal “não é o único” a olhar.

A mensagem já tinha sido vincada pelo presidente do AICEP, Miguel Frasquilho, aos empresários presentes no almoço organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) com o mote “A China na Rota das Exportações Portuguesas”. Se ainda não investem na China, “não deixem passar o tempo sem o fazer”, disse o responsável da AICEP, citado pela Lusa

Na sua intervenção, o embaixador chinês em Portugal, Huang Songfu, referiu-se a um “novo auge de desenvolvimento” nas relações sino-portuguesas e destacou, além da participação das empresas chinesas nos processos de privatização da REN, EDP e Fidelidade, os investimentos realizados por “duas empresas não estatais que já iniciaram a construção das suas fábricas no norte” de Portugal, a Wuhan Zhongye, que opera no sector dos moldes, e a Zhejiang Huadong, fabricante de chapas de aço.

Às várias “propostas e ideias de cooperação económica”, discutidas durante a visita recente do Presidente da República à China, Huang Songfu somou as “oportunidades de investimento” discutidas nas reuniões em Pequim e em Xangai “com representantes de várias empresas chinesas de referência” em sectores como os portos, as energias renováveis, o turismo e o agro-alimentar que abrem “perspectivas amplas” de aproximação entre os dois países.

No evento da CCILC, organizado em colaboração com a empresa de logística MSC, o ministro da Economia, António Pires de Lima, frisou que “aquilo que há para conquistar [na China] é infinitamente maior” do que o valor actual das exportações portuguesas para aquele país, que foi de 659 milhões de euros em 2013, mas que o Governo espera ver chegar aos 1000 milhões já este ano.

O ministro destacou “a ambição” de colocar aquela que, “mais cedo ou mais tarde, vai ser a maior economia do mundo” no top 5 dos mercados de exportação portugueses (foi o 12º destino de exportação português em 2013) e destacou a importância da visita presidencial à China como forma de “abrir portas” às empresas portuguesas para que “as exportações possam continuar a crescer nos próximos anos”.

Embora considere que as empresas chinesas que participaram nas privatizações de empresas portuguesas, ganharam "por mérito próprio, porque apresentaram as melhores propostas", Pires de Lima entende que também deve ser reconhecida pelas autoridades de Pequim a "abertura" de Portugal ao capital chinês em sectores que outros países continuam a manter fechados. Isso e as medidas tomadas para fazer de Portugal "um país interessante para o investimento", acrescentou o ministro, dando como exemplo a taxa de retenção nos dividendos para a China, que em Portugal é de 10% e que em outros países europeus é de 15%.

 

Sugerir correcção
Comentar