Cavaco Silva defende sistema financeiro internacional com três pilares: euro, dólar, yuan

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Cavaco Silva Miguel Madeira

Numa conversa com o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, Cavaco Silva defendeu que o sistema financeiro internacional deveria ter três pilares: o euro, o dólar e o yuan. Uma posição que terá agradado ao líder do gigantes asiático, com 1,3 mil milhões de habitantes e uma economia que aspira a tornar-se, antes de 2020, lider mundial.

O Presidente da República Portuguesa está neste momento reunido com o governante de Macau, local aonde chegou ao início da tarde (7h em Portugal continental), 15 anos depois da transição para a China. Cavaco Silva, que em 1999 esteve em Macau, vai dar amanhã por concluida a sua visita de sete dias ao país, um périplo que o levou a Xangai e a Pequim.

Numa troca de palavras com os jornalistas que o acompanham na sua viagem, ainda dentro do avião que o transportou (madrugada em Lisboa) de Pequim a Macau, Cavaco Silva declarou que a visita de Estado ficou marcada pela afabilidade entre os presidentes e que as suas expectativas foram ultrapassadas. Em Pequim, o Chefe de Estado foi recebido ao mais alto nível com honras militares por Xi Jinping, pelo primeiro-ministro Li Keqiang, além de ter estado reunido com presidentes das maiores empresas chinesas, estatais e privadas, nomeadamente dos grupos com investimentos em Portugal. Para Cavaco Silva, os líderes chineses revelaram boa vontade em aprofundar as parcerias com Portugal nas diversas áreas: educação, ciências, língua portuguesa, empresas e finanças.

Um dos assuntos mais referidos relaciona-se com a aposta de Portugal no turismo chinês – segundo lhe foi dito por um empresário do turismo de Xangai, há 450 mil chineses que manifestam interesse em visitar Portugal. Cavaco Silva mencionou a disponibilidade política chinesa para viabilizar uma linha aérea directa entre Portugal e a China, algo que a China Eastern (a empresa do avião que usou nas suas deslocações dentro do país) também defende.

Embora no campo das parcerias económicas e financeiras seja ainda um tempo de esperar para ver os resultados, Cavaco Silva explica que Portugal manifestou uma grande disponibilidade para receber investimentos, importadores de produtos portugueses e turistas e que isso ficou registado pelas autoridades e pelos empresários chineses.

No quadro da sua visita de estado, foram celebrados acordos em varias áreas empresariais, académicas, cientificas, e da promoção da língua portuguesa na China. O ministro da Educação Nuno Crato já veio anunciar que dentro de três a cinco anos, as escolas passarão a oferecer o ensino do mandarim como opção de segunda língua estrangeira.

Cavaco Silva sublinhou ainda a grande afabilidade manifestada por Xi Jinping que o deixou surpreendido, o que ficou expresso no encontro que decorreu esta quinta-feira entre os dois e que superou o tempo reservado, mas também na conferência de imprensa conjunta – Jinping apenas fez o mesmo com Obama.

Também no banquete oficial oferecido pelo casal Jinping e Peng Liyuan aos Cavaco Silva e à sua comitiva, os dois presidentes estiveram à conversa de forma “descontraída”. Entre os temas abordados terão estado a situação da Venezuela, da Ucrânia, na União Europeia e do euro. Cavaco conta que à questão que lhe foi colocada por Jinping do que achava do facto de o sistema financeiro internacional ter um só pilar, o dólar, respondeu: “o sistema financeiro internacional ficaria mais equilibrado com três pilares: o euro, o yuan, o dólar.” Uma posição que terá deixado o seu homólogo satisfeito até porque a China tem procurado impor a moeda nacional nas trocas comerciais internacionais. O yuan já é usado nas relações empresarias da China com o Japão.

A China não esqueceu a forma como decorreram as negociações e o processo de transicção de Macau, que começou em 1994 e terminou em 1999, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro. Para o Presidente da República houve da parte do seu governo um cuidado muito grande e sempre se destacou a amizade e as relações amistosas entre os dois povos. O que não aconteceu com a mudança de soberania de Honk Kong da Grã Bretanha para China pois, conforme recorda Cavaco Silva, os inglesas não se adaptaram à forma como Pequim negoceia.

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