Empresas participadas não estão à venda, garante presidente da CP

CP prefere a internacionalização à privatização das suas participadas.

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Presidente da CP não quer perder empresas "estratégicas"

O presidente da CP, Manuel Queiró, afirmou ao PÚBLICO que a EMEF e a Fernave (as duas maiores participadas do grupo CP) são “estratégicas” e que deverão ficar na órbita da empresa-mãe, afastando a sua privatização.

“São estratégicas, mas também são um instrumento ao serviço da CP e de Portugal no aumento da colaboração com Angola e Moçambique, num sector [ferroviário] que está em vésperas de uma expansão quase explosiva naqueles países”, justificou o gestor.

A EMEF é a empresa responsável pela manutenção e reparação de avarias da frota da CP. “Temos uma associação com a Siemens e outra com a Nomad, que estão em curso e têm tido resultados positivos, e há também a possibilidade de virmos a trabalhar com os alemães, com contratos importantes que estão a ser trabalhados neste momento”, disse o gestor.

Em África a EMEF está a tentar ressuscitar um plano que visava a instalação de uma unidade de manutenção de material circulante. Mas Manuel Queiró queixa-se que o relacionamento estado a estado, entre Portugal e Moçambique, “condiciona muito as conversações entre os Caminhos de Ferro de Moçambique e a CP/EMEF”, preferindo que os entendimentos se fizessem directamente entre as empresas. “Isto tem tido um percurso um bocadinho hesitante, sobretudo ao nível moçambicano devido a mudanças de orientação governamentais”, disse.

A EMEF, que teve prejuízos de 3,4 milhões de euros em 2013, tem cerca de mil trabalhadores e está sobredimensionada. O presidente da CP diz que o número de trabalhadores ideal seriam um pouco menos de 800.

Já em relação à Fernave, que presta serviços de formação na área dos transportes, a internacionalização está mais adiantada. “Temos uma actividade em Moçambique, que já tem bastantes anos, através da participação numa sociedade importante que é a Transcon, e que tem ligações ao sistema de ensino da República de Moçambique”, diz Manuel Queiró, que espera em breve poder assinar alguns contratos com Angola no âmbito da formação.

Esta empresa reduziu os seus prejuízos de 2012 para 2013 de 900 para 690 mil euros (em 2011 tinha tido três milhões de resultados negativos). Nestes dois anos, aumentou o seu volume de negócios de 970 mil euros para 1,5 milhões de euros, um terço dos quais para a exportação, sobretudo para o mercado moçambicano.

Embora assegure que a sua estratégia “é manter as duas empresas no contexto da CP”, Manuel Queiró acrescenta: “Sem prejuízo de estudarmos algumas hipóteses de abertura do seu capital, se bem que é a tutela que fixará sempre esse tipo de opções”.

 

 

 

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