Bruxelas diz que empresas ganharão 300 milhões de novos clientes com fim do roaming

Um quarto dos europeus desliga o telemóvel quando viaja na União Europeia. Neelie Kroes diz que roaming é um “perfeito disparate”.

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Um estudo da Comissão Europeia concluiu que o fim das tarifas de roaming abre um mercado potencial de 300 milhões de novos clientes às empresas de telecomunicações.

As operadoras de telecomunicações desperdiçam um mercado de cerca de 300 milhões de utilizadores de telemóveis com as actuais estratégias tarifárias, concluiu um estudo da União Europeia (UE) sobre o comportamento dos consumidores de telecomunicações.

O inquérito, que abrangeu cerca de 28 mil europeus, concluiu que a maioria dos cidadãos europeus restringe a utilização dos telemóveis quando viaja no espaço europeu. No caso do Facebook, cerca de 94% dos inquiridos admitiu limitar o uso do serviço.

O estudo concluiu ainda que mais de metade dos inquiridos não utilizam a Internet móvel noutro país da UE e só um em cada dez acede às mensagens de correio electrónico com a mesma frequência com que no seu país.

Os europeus preferem enviar SMS a telefonar e mais de um quarto desliga o telemóvel quando viaja na Europa – é o que faz um em cada quatro portugueses.

Segundo a nota de imprensa, os viajantes frequentes, referidos como “o segmento mais lucrativo do mercado potencial” desligam a função de dados móveis com maior frequência do que os viajantes ocasionais porque estão mais cientes dos “custos reais dos serviços de dados em roaming na Europa do que os viajantes menos frequentes”.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Neelie Kroes, disse-se “verdadeiramente chocada” com a conclusão do estudo, que considerou “a prova” de que Bruxelas tem de prosseguir com o trabalho de “eliminar as tarifas de roaming”.

“Não é só uma luta entre turistas e as empresas de telecomunicações”, disse Kroes, sublinhando que há milhões de empresas a fazerem face a custos adicionais devido ao roaming e que os criadores de aplicações para smartphones também perdem receitas. As aplicações de viagens, mapas e fotografias são as mais negativamente afectadas, refere o estudo.

“Do ponto de vista económico [o roaming] é um perfeito disparate”, acrescentou a vice-presidente da Comissão. A Comissão nota que graças aos regulamentos de roaming tem sido possível assistir desde 2008 a um aumento de 1500% na utilização de dados em roaming na UE. Mas se os consumidores se autolimitarem, “há uma tendência preocupante para se desperdiçarem oportunidades de crescimento para a nova economia das aplicações, bem como para os operadores de comunicações móveis”.

Os preços do roaming de voz e dados tiveram quedas de 80% e 91% respectivamente desde 2008, revela a Comissão, que tem como objectivo manter a tendência de redução de preços até Julho de 2016, data em que se pretende que “os clientes que viajam em toda a União possam utilizar os seus telemóveis ou smartphones ao mesmo preço do que nos seus países.

A partir de Julho de 2014, os cidadãos europeus terão opção de prescindir do operador nacional e aderir a serviços de roaming mais baratos de um operador do país para o qual viajam ou de um outro prestador de serviço do seu próprio país, sem terem de mudar de rede.

 

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