UGT diz que houve uma “campanha” contra os duodécimos

João Proença calcula que a medida abrange mais de um milhão de trabalhadores e contesta quem disse que a antecipação dos subsídios conduziria ao agravamento dos impostos.

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João Proença denuncia uma “grande insegurança” dos trabalhadores em relação ao futuro Daniel Rocha

O secretário-geral da UGT, João Proença, recusa olhar para o pagamento de metade dos subsídios de férias e Natal em duodécimos como uma medida “contra empobrecimento”, mas insiste que a opção dada aos trabalhadores do sector privado atenua a diminuição mensal do rendimento para muitos trabalhadores.

Por isso condenou esta quarta-feira a “campanha” que diz ter havido contra a medida. E garantiu, em conferência de imprensa, que a central sindical não pressionou para que os trabalhadores “aceitassem ou deixassem de aceitar a antecipação”. A UGT, disse, “não fez qualquer campanha” nesse sentido.

Numa crítica indirecta à CGTP, que considerou a medida uma máscara do aumento de impostos, Proença lançou: “Algumas campanhas negativas que foram feitas de que a antecipação ia conduzir ao agravamento da carga fiscal revelaram-se completamente falsas”.

Os trabalhadores tiveram até à última segunda-feira para comunicar à empresa se preferiam manter o pagamento dos subsídios por inteiro ou se optavam por receber metade em duodécimos.

 A medida dividiu as centrais sindicais, mas colocou a UGT, o PS e o Governo do mesmo lado, a defender que a possibilidade de os trabalhadores receberem 50% dos subsídios em duodécimos atenua o aumento da carga fiscal. Do outro lado, a CGTP mostrou-se contra, sublinhando que o “grande problema” estava no agravamento dos impostos, como Arménio Carlos disse quando a medida era ainda uma proposta.

Proença manifestou-se satisfeito por, segundo diz, “bastante mais de um milhão de trabalhadores poderem ter uma resposta às necessidades de uma política de empobrecimento generalizado”. Mas acrescentou: “É evidente que esta não é uma resposta contra o empobrecimento, é uma resposta que tenta atenuar as consequências negativas desse empobrecimento associadas ao agravamento da carga fiscal”.

Muitos outros, disse, viram que “seria mais importante fazer uma poupança forçada, recebendo o subsídio de férias e de Natal mais tarde”. O balanço que faz é positivo, independentemente de ser, como diz, “uma lei mal elaborada” e a reformular na Assembleia da República. Para o Governo, a medida é também positiva, “um sucesso total”. Isso mesmo disse o secretário de Estado do Emprego, Pedro Roque, negando, segundo a Lusa, que o executivo queira “acabar com o 13.º e o 14.º mês”.

Segundo João Proença, a “antecipação” resolve “alguns problemas”, amortecendo a queda do rendimento, mas é preciso esperar para “ver quais são os resultados finais”, numa altura em que há entre os trabalhadores uma “grande insegurança” em relação ao futuro. O aumento dos níveis de poupança “é qualquer coisa de absurdo” só justificável porque “as pessoas, sem um futuro, estão a poupar o mais que podem”, enquadrou.
 
 
 
 

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