Receitas da Mota-Engil nos mercados africanos dispararam 83% em dois anos

A Mota-Engil África, que o grupo português quer cotar numa bolsa europeia, já vale 43% do total do volume de negócios.

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Angola é o principal mercado externo da Mota-Engil Siphiwe Sibeko/Reuters

Os negócios do grupo Mota-Engil no continente africano não têm parado de crescer nos últimos dois anos, e a tendência é para continuar, a avaliar pela carteira de encomendas e pela estratégia da empresa.

Entre os primeiros noves meses de 2011 e o mesmo período deste ano, as vendas e serviços Mota-Engil África subiram 83%, passando de 386 milhões de euros para 706 milhões. Actualmente, representam quase metade (43%) de todo o volume de negócios gerado pelo grupo entre Janeiro e Setembro. O EBITDA  (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também cresceu, com a margem  a subir de 19,3% para 23,1%. A rentabilidade operacional passou de 100 milhões para 163 milhões de euros.

Em sentido contrário estão os negócios europeus, Portugal incluído. Embora ainda sejam superiores aos da subholding para o continente africano, e que o grupo quer cotar numa bolsa europeia, estes caíram 24% entre 2011 e 2013, para os 727 milhões de euros.

Entre os nove países africanos onde a empresa está presente, o mais significativo é Angola, embora Moçambique e o Malawi também sejam expressivos. Angola é, aliás, é mesmo o principal mercado externo do grupo Mota-Engil (e onde está presente há quase 70 anos).

Em 2010, foi assinado um memorando de entendimento com a petrolífera estatal angolana Sonangol, e empresas ligadas ao grupo Atlântico (liderado por Carlos Silva, que, tal como a Sonangol, é accionista do BCP), para a criação de uma nova empresa em Angola.

O grupo, que operava neste mercado através da Mota-Engil Engenharia e Construção, constituiu uma nova empresa, a Mota-Engil Angola, abrindo 49% do capital aos dois novos parceiros locais. Os resultados não tardaram a chegar.

Em 2011, primeiro ano de actividade da nova empresa, houve uma quebra na actividade devido a atrasos no arranque da companhia, mas foram plantadas várias sementes. Conforme se lê no relatório e contas da Mota-Engil referente a esse ano, “a carteira de encomendas observou um crescimento expressivo, aumentando cerca de 291 milhões de euros face a 2010” devido à adjudicação de várias obras. Entre elas estão projectos para o Estado angolano, e para a própria Sonangol.

Recentemente, no final de Setembro, o grupo gerido por Gonçalo Moura Martins (que substituiu Jorge Coelho) anunciou novos projectos em África (Angola, Moçambique e Malawi), avaliados em 500 milhões de euros. Entrou também na Zâmbia e no Gana, reforçando a sua posição, como referiu a empresa, “com uma carteira de encomendas para valores inéditos de cerca de 1600 milhões de euros” na região.

Neste momento, é dentro da Mota-Engil África que está a maior parte das encomendas do grupo. A estratégia tem levado também a um aumento do investimento nestes mercados que, em 2012, pesaram 52% (cerca de 72 milhões) no total do dinheiro aplicado.

Com a dispersão de parte do capital da Mota-Engil África em bolsa (o grupo garante que vai manter “uma forte participação de controlo”), esta subholding ganha visibilidade e assegura-se uma nova fonte de financiamento.

De acordo com o comunicado divulgado quinta-feira, pretende-se “ter acesso a uma comunidade de investidores globais com fortes interesses e apetência pelos negócios desenvolvidos no continente africano”, onde o grupo maioritariamente detido pela família Mota quer continuar a expandir-se.

Neste momento falta ainda agendar a assembleia geral que irá dar início ao processo, e saber qual é a praça escolhida e o capital a dispersar. Para já, os investidores reagiram bem, com as acções do grupo a subirem 8,45% para os 3,9 euros na sexta-feira.

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