PT levantou depósitos de 128 milhões de euros no BES

Antes que a crise atingisse o ponto crítico, precipitando a actuação do Banco de Portugal, a PT levantou os depósitos no BES.

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PT tem 2,1% do "BES mau" Pedro Cunha

A 30 de Junho, quando veio esclarecer em comunicado as aplicações de 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, a PT reconheceu ter depósitos no BES no montante de 128 milhões de euros, repartidos pela PT International Finance BV e PT Portugal (22 milhões de euros) e a PT SGPS (106 milhões). Fonte oficial da PT SGPS garantiu nesta segunda-feira ao PÚBLICO que a holding “não tem qualquer depósito no BES a esta data”. Da mesma forma, fonte oficial da PT Portugal (que já está no universo Oi e engloba a PT International Finance BV) assegurou que não existe qualquer exposição ao banco que pertenceu à família Espírito Santo.

A PT escapa assim à determinação do Banco de Portugal de transferir para o “BES mau” os depósitos dos accionistas com mais de 2% do capital à data da criação deste “bad bank”, mas dificilmente escapará a perdas com a participação qualificada no banco e que estava avaliada nas contas de 2013 em 89 milhões de euros.

Em 2010, depois de ter transferido o fundo de pensões para o Estado (para ajudar a resolver o problema do défice), a PT passou as acções que tinha no BES para a PT Prestações, o fundo criado em 2004 pela PT Comunicações (PTC) para cobrir as responsabilidades com benefícios de saúde dos trabalhadores que já não estão no activo.

Além da posição no BES, é também na PT Prestações que estão parqueados os investimentos de 95 milhões de euros em fundos detidos pelo grupo Ongoing. Uma situação que preocupa a dobrar a Comissão de Trabalhadores (CT) da operadora de telecomunicações. Se a CT está “a acompanhar a situação do BES com muita preocupação” pelo seu impacto nas responsabilidades com saúde dos trabalhadores reformados da PTC, também está “apreensiva com eventuais reflexos que a situação do BES possa ter na Ongoing”, dada a sua dependência do banco, disse ao PÚBLICO fonte oficial da comissão.

No total, os dois investimentos da PT nestes accionistas de referência (cada um com cerca de 10% do capital da operadora) rondam os 184 milhões de euros, embora a PT tenha acompanhado o aumento de capital do BES, em Maio, pelo que o montante aplicado no banco para não diluir a posição de 2% requereu um esforço financeiro em maior montante que o registado nas contas de 2013.

Na segunda-feira, a PT (o único accionista de referência do BES cotado na bolsa de Lisboa) ainda não tinha feito qualquer comunicado sobre esta matéria. Também o segundo maior accionista do banco, o Crédit Agricole, nada tinha no seu site oficial. Na bolsa de Lisboa, os títulos da PT negociaram em alta, fechando a subir 2,13%, para 1,577 euros. Já o índice de referência accionista PSI 20 subiu 0,98% no dia em que os títulos do BES continuaram suspensos da negociação, sem que tenha havido qualquer anúncio formal quanto à sua exclusão da Euronext Lisboa.

Segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, na segunda-feira os pequenos accionistas do BES também não tinham sido formalmente notificados das decisões anunciadas pelo Banco de Portugal.

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