Montepio entra no capital do Banco Terra de Moçambique

Montepio e banco holandês Rabobank vão ser os accionistas de referência do banco moçambicano, cujo novo plano de negócios passa pelo alargamento da rede de agências.

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Até agora o Montepio estava presente em Moçambique através da Moçambique Companhia de Seguros Daniel Rocha

O Montepio vai ser um dos dois accionistas de referência do Banco Terra de Moçambique, juntamente com o holandês Rabobank, numa operação acompanhada de um aumento de capital da instituição financeira. Segundo um comunicado enviado hoje à Lusa pelo Banco Terra, a entrada formal do Montepio Holding - que já tinha sido avançada pelo presidente da instituição à Lusa em Dezembro - foi aprovada pelos accionistas a 04 de Setembro e prevê um aumento de capital da empresa até 1.500 milhões de meticais (cerca de 39 milhões de euros). A primeira tranche de 900 milhões de meticais (23,3 milhões de euros) já foi realizada.

O Montepio Holding e o Rabobank terão a mesma participação de 45% cada na empresa, que conta ainda com capitais do norueguês Norfund e da instituição financeira de desenvolvimento moçambicana Gapi-SI. Segundo fonte do Banco Terra, a entrada do Montepio foi realizada, exclusivamente, por via do aumento de capital e não pela aquisição de posições já existentes.

O comunicado refere que os accionistas aprovaram também um novo plano de negócios, que prevê "um incremento da presença física do banco, mediante a abertura de novos centros de negócio (agências e outros serviços de atendimento ao cliente), expansão da oferta de produtos e serviços a preços competitivos baseados num elevado rigor técnico".

A entrada do Montepio Holding na empresa, informa ainda o comunicado, "deverá reforçar a vertente urbana do banco, sem no entanto romper com a sua perspectiva agrária e rural", numa nova estratégia que prevê mais colaboração quer com a instituição portuguesa quer com o Rabobank, "permitindo que soluções financeiras de padrão internacional sejam implementadas no mercado financeiro moçambicano também através do Banco Terra".

A entrada da instituição bancária portuguesa no capital do Banco Terra tinha sido avançada à Lusa pelo presidente do Montepio em Dezembro de 2013, referindo que estava apenas dependente da autorização dos reguladores. Tomás Correia disse, na altura, que a operação deveria custar cerca de 20 milhões de dólares (16 milhões de euros ao câmbio actual) e seria também um teste à colaboração com o Rabobank e com o Norfund. "É uma primeira iniciativa em comum. Podemos fazer mais coisas com o Rabobank e com o fundo soberano norueguês, o que até pode vir a ter expressão noutros países, africanos e não só", afirmou então Tomás Correia.

Até agora, o Montepio estava presente em Moçambique apenas através da Moçambique Companhia de Seguros, depois de, em 2007, ter vendido a posição maioritária que detinha no Banco de Desenvolvimento e Comércio de Moçambique.

O Banco Terra nasceu em 2008 com o objectivo de ser uma das instituições de referência para financiamentos nas áreas da agricultura e alimentação e fornecer serviços financeiros às populações rurais e suburbanas, mantendo uma rede de agências nas províncias de Maputo, Inhambane, Manica, Sofala, Tete e Nampula.

A banca moçambicana tem uma forte presença de capitais portugueses, destacando-se o Millennium, BPI, Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco e Banco Big.

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