Greve na CP Carga com 90% de adesão

CP Carga diz que 49% das viagens programadas foram realizadas. Sindicato estima que apenas tenham sido garantidos os serviços mínimos.

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A greve dos trabalhadores da CP Carga contra a privatização da empresa, marcada para esta quinta-feira, obteve uma adesão de 90%, assegura a Federação dos Sindicatos dos Transportes (Fectrans).

Em declarações PÚBLICO, o coordenador da federação, José Manuel Oliveira, “apesar de ainda não ter sido feito o levantamento total”, estima que apenas os serviços mínimos tenham sido garantidos. Ou seja, apenas circularam os comboios de transporte de mercadorias perigosas.

No entanto, a CP Carga fez saber que, no período entre a meia noite e as 12h, foram realizadas 49% das viagens programadas, estando ainda por apurar a percentagem de trabalhadores que participaram no protesto. 

Para além da greve de 24 horas, os ferroviários manifestaram-se, também nesta quinta-feira, junto à sede da CP, em Lisboa.

Chegou a ser marcada uma greve na Carris e no Metro de Lisboa para a passada quarta-feira, mas o protesto acabou por ser desconvocado sob perspectiva de novas acções. Na sexta-feira realiza-se uma reunião entre sindicatos que representam trabalhadores das empresas públicas de transportes afectos à CGTP, à UGT e independentes, com um dia de protesto nacional em Agosto no horizonte.

A hipótese um “dia de luta nacional conjunta”, levantada na reunião entre sindicatos ocorrida no início da semana passada, terá ainda que ser aprovada no encontro de sexta-feira, sendo que, para José Manuel Oliveira, falta ainda perceber “que tipo de convergência” é possível alcançar.

Depois de reunidas em frente à sede da CP, duas centenas de trabalhadores e reformados da CP Carga e Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) - também em processo de privatização - rumaram à Praça Luís de Camões, em Lisboa, próximo do Ministério da Economia.

A CP anunciou no dia 30 de Junho que, “no âmbito do processo de reprivatização do capital da CP Carga”, recebeu quatro propostas de interessados na aquisição. Destas, passaram à fase de negociações a Atena Equity Partners, a Cofihold e a Mediterranean Shipping Company Rail.

No mesmo comunicado, a CP fez ainda saber que a EMEF tinha dois interessados. O governo aprovou entretanto a passagem à segunda fase de negociações da proposta do grupo francês Alstom, em detrimento da alemã Bavaria. A empresa criadora do TGV é um dos principais construtores de comboios do mundo.

No final da reunião do executivo, nesta quinta-feira, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, informou que o governo aguarda pelo dia 20 para que Alstrom apresente uma “proposta melhorada” pela empresa de manutenção.  

Presente na manifestação dos trabalhadores da CP Carga e EMEF, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou que o objectivo do é "travar a ofensiva da comissão liquidatária, que é quem, neste momento, representa o Governo no processo de privatização".

Citado pela agência Lusa, o líder da central sindical acusa o governo de, a poucos meses das eleições legislativas, “desbaratar tudo aquilo que é património público, para o entregar de mão beijada, com uma receita praticamente inexistente, à iniciativa privada".

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