Governo acusa sindicatos da TAP de deitarem por terra negociações para travar greve

Hipótese de avançar para requisição civil para minimizar impactos do protesto ainda está em estudo.

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Os sindicatos da TAP anunciaram a intenção de fazer greve nos dias 27, 28, 20 e 30 deste mês Paulo Whitaker/Reuters

O Governo reagiu nesta terça-feira à manutenção da greve na TAP, acusando os sindicatos de deitarem por terra as negociações iniciadas na semana passada. O secretário de Estado dos Transportes afirmou que o memorando enviado pela plataforma sindical "fere a aproximação e o entendimento tido pelas partes na reunião de sexta-feira".

Em declarações no Ministério da Economia, sem direito a perguntas, Sérgio Monteiro referiu que "a forma como, 72 horas após a reunião, se procurou condicionar a constituição do grupo de trabalho (...) revela que os sindicatos não estão interessados em qualquer negociação e pretendem avançar com a greve na quadra natalícia".

Na sexta-feira, a plataforma que junta 12 sindicatos da TAP esteve reunida com o ministro da Economia e com o secretário de Estado. Desse encontro saiu uma proposta do Governo que passava pela criação de um grupo de trabalho que envolvesse os trabalhadores na elaboração do caderno de encargos da venda do grupo. 

A resposta dos sindicatos chegou na segunda-feira ao início da noite. Num comunicado de apenas um parágrafo a plataforma anunciava que tinha enviado um memorando ao Governo com as suas reivindicações, exigindo a suspensão da privatização para cancelar a greve de quatro dias entre 27 e 30 de Dezembro.

No memorando, constata-se que essa exigência é apenas temporária. A plataforma pede que a privatização fique em stand-by, mas apenas até à conclusão do processo negocial. De qualquer forma, o Governo não está disponível para aceitar essa reivindicação, uma vez que, tal como tem sido reiterado nos últimos dias, não pretende recuar, mesmo que temporariamente, no processo de venda da TAP.

Na declaração que fez nesta terça-feira, o secretário de Estado explicou que "na reunião de sexta-feira os próprios sindicatos clarificaram que a greve de quatro dias convocada para o período do Natal e Ano Novo não tinha por objectivo contestar a privatização, mas sim garantir que a privatização salvaguardaria um conjunto de preocupações".

"Passaram três dias: os sindicatos dos trabalhadores da TAP rejeitaram a proposta do Governo e fizeram chegar ao Ministério da Economia um caderno de encargos negocial que fere a aproximação e o entendimento tido pelas partes", referiu Sérgio Monteiro, acrescentado que o executivo "lamenta, uma vez mais, esta decisão dos sindicatos e reafirma a importância de ter a TAP a voar ao serviço do país".

Também o ministro da Economia, Pires de Lima, já havia reiterado que não pretende recuar na privatização da TAP para travar a greve prevista para os dias 27 a 30 de Dezembro.

Neste momento, o Governo está a avaliar se avança para a requisição civil para minimizar os impactos que esta greve poderá provocar. Cerca de 120 mil passageiros tinham reservas para voar pela TAP nestes quatro dias. Até agora, cerca de cinco mil optaram por alterar as viagens, escolhendo datas alternativas ou pedindo o reembolso do valor do bilhete.

A realização de uma greve geral na TAP é quase inédita, existindo apenas registo de ter ocorrido uma paralisação desde tipo em 1993. Mas, se a união de forças de 12 sindicatos para convocar um protesto conjunto foi um processo complexo, mais delicado poderá ser chegar a um consenso entre todos para suspender a paralisação. Aliás, já esta terça-feira, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) decidiu abandonar a plataforma sindical da TAP, por discordar do documento que foi entregue ao Governo.

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