Brasileiros da Oi já têm na mesa duas propostas pela PT Portugal

Oferta de 7075 milhões de euros dos fundos norte-americanos Apax e Bain supera a da Altice por 50 milhões de euros, mas ainda carece de aprovação final.

Foto
Activos da PT em Portugal estão a ser alvo de ofertas João Gaspar

Os fundos de investimento norte-americanos Apax e Bain apresentaram à Oi uma proposta de compra dos activos da PT Portugal que avalia a empresa em 7075 milhões de euros. Trata-se da segunda oferta pelos negócios portugueses da Oi e bate por 50 milhões de euros o valor oferecido pela Altice (dona da Cabovisão e da Oni) no início do mês.

Apesar de a Oi ainda não ter confirmado oficialmente que a PT Portugal está à venda tem já duas propostas em cima da mesa, com a diferença de que a da Altice é uma proposta firme e a dos fundos norte-americanos está ainda sujeita à aprovação final pelo comité de investimentos da Apax e da Bain Capital, “bem como de conclusão” pelos dois fundos “de alguns pontos de diligência legal”, segundo refere a Oi no comunicado que enviou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Tal como no caso da Altice, a oferta da Apax e da Bain não abrange nem as participações em negócios de telecomunicações em África, nem a dívida da PT Portugal e os investimentos na Rioforte. E também à semelhança da oferta francesa, condiciona parte do valor (800 milhões de euros) à concretização pela PT Portugal de objectivos futuros. “O enterprise value da proposta considera um earn-out (pagamento diferido) de 400 milhões de euros sujeito a geração futura de receitas”, bem como outro pagamento diferido de 400 milhões “sujeito à geração de EBITDA”. “O preço final estará sujeito a ajustes comuns em operações de compra e venda de empresas”, adianta a Oi.

Em reacção ao lançamento da oferta da Apax e da Bain, fonte oficial da Altice notou que a proposta do grupo francês difere da dos investidores norte-americanos quer nas condições, quer no que representa para o futuro da empresa portuguesa. A proposta da Altice “está totalmente financiada, é incondicional e representa um projecto industrial de longo-prazo para a Portugal Telecom”, afirmou o porta-voz do grupo.

Se a Oi já disse que procura um comprador para os activos africanos (como a posição na angolana Unitel e participações em negócios  em Moçambique, Cabo Verde e São Tomé, entre outros), a PT Portugal (dona da Meo) ainda não está na lista dos activos para venda. Mas os seus accionistas de controlo têm estado activos na procura de uma solução que permita à Oi reforçar a sua capacidade financeira. Foram os accionistas brasileiros quem convidou em Julho a Altice a apresentar uma proposta pela PT Portugal. E, na segunda-feira, Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez (uma das principais accionistas da Oi) e representantes da Altice coincidiram em Lisboa, para reuniões.

Além destas duas ofertas pela PT Portugal, a Oi terá ainda de considerar a OPA que a empresária angolana Isabel dos Santos disse querer lançar sobre a PT SGPS, a holding que é accionista da empresa brasileira. Ao entrar no capital da PT SGPS, Isabel dos Santos teria não só uma participação na Oi (e por conseguinte presença no mercado brasileiro), mas também capacidade para influenciar directamente o destino da PT Portugal, e dos activos em África.

O anúncio preliminar da OPA de Isabel dos Santos, através de uma sociedade veículo, foi avançado no domingo à noite, apresentando um preço de 1,35 euros por acção (no total, 1210 milhões de euros), que representa um prémio de 11% face ao valor de fecho anterior dos títulos da PT SGPS. Além de pretender pelo menos 50,01% do capital da PT SGPS, a empresária também apresentou uma série de condicionantes para avançar com a oferta, a maioria afectando directamente os novos termos do acordo alcançado entre a Oi e a PT para ultrapassar a crise da Rioforte.

Na terça-feira o conselho de administração da Oi considerou algumas exigências “inaceitáveis” e, como resposta, Isabel dos Santos mostrou-se disponível para delas prescindir. Já na terça-feira ao final da tarde a PT SGPS informou ter sido notificada do anúncio preliminar de lançamento pela Terra Peregrin (sociedade detida por Isabel dos Santos) da oferta voluntária de aquisição de acções, mas frisou que o anúncio contém “diversas condições de lançamento da oferta cuja verificação não está na disposição da PT SGPS nem depende de deliberação dos seus órgãos sociais”.

“Por outro lado, o Conselho de Administração da Oi já divulgou ao mercado a sua decisão de não viabilizar as condições que necessitam do seu consentimento”, adiantou o conselho de administração da PT SGPS, que é presidido por João Mello Franco.

Ainda assim, adiantou que a PT SGPS “pronunciar-se-á sobre a oportunidade e condições da referida oferta, se e quando os projectos de prospecto e de anúncio de lançamento lhe venham a ser submetidos”.

Resta agora saber se Isabel dos Santos sempre avança com a modificação das condições que apresentou inicialmente. 


Sugerir correcção
Ler 1 comentários