Passos garante que “nem Governo nem Presidente da República serão óbice ao apuramento de responsabilidades na PT”

Chefe do Governo foi recebido esta terça-feira, em Aldoar, na zona ocidental do Porto, com insultos, vaias e palavras de ordem violentas contra o seu Executivo. Manifestantes gritavam "ladrão, aldrabão - vai-te embora!"

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Adriano Miranda

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considerou “natural” que os accionistas da Portugal Telecom possam querer pedir responsabilidades aos administradores da empresa e deixou a garantia de que nem o Presidente da República nem o Governo serão “um óbice” ao apuramento de responsabilidades que possa ocorrer em relação à PT.

Declarando que o que aconteceu na PT "não é obra do acaso", o primeiro-ministro, que esta segunda-feira foi recebido em Aldoar com palavras de ordem contra o Governo, impropérios, vaias e assobios, quer à chegada, quer à saída, disse que “é natural que os seus accionistas possam querer pedir responsabilidades aos administradores, à gestão da empresa e isso compete aos tribunais poder aferir - quando existem acções - ou então às próprias assembleias-gerais das empresas".

Após a inauguração do Centro Social de S. Martinho de Aldoar seguida de uma visita às instalações, que a partir de Janeiro do próximo ano vão prestar assistência a 190 idosos, Passos foi questionado sobre as declarações do Presidente da República que esta segunda-feira perguntou: ”O que é que andaram a fazer os accionistas e gestores da PT?” A resposta saiu pronta: “É muito saudável que exista uma necessidade de esclarecer o que se passou".

"É muito natural que quer o senhor Presidente da República quer Governo não constituam um óbice a que esse apuramento de responsabilidades possa ocorrer. E quando digo que não constituam um óbice é no sentido em que possam, por via do debate político, figurarem como autores ou executores de alguma estratégia que tenha relação com essa empresa porque não é isso que está a acontecer", especificou.

E tal como Cavaco Silva, o primeiro-ministro também não fez nenhuma consideração sobre a oferta pública de compra de parte do capital da Portugal Telecom pela empresária Isabel dos Santos, mas fez questão de vincar que "o Governo não teve nenhuma intervenção no caso da PT e o senhor Presidente da República também não", sendo por isso "natural" que funcionem "de um ponto de vista cívico como um elemento que possa ajudar ao esclarecimento dessas situações".

Passos foi ainda questionado sobre os resultados (já divulgados por alguns órgãos de comunicação social) da auditoria forense ao BES, mas sobre isso declarou não poder pronunciar-se sobre auditorias forenses que não conhece.

Indiferente aos apupos e palavrões lançados por algumas dezenas de pessoas, muitas delas com bandeiras vermelhas da CGTP-IN, o primeiro-ministro inaugurou o Centro Social de S. Martinho de Aldoar, uma obra que se deve essencialmente à “determinação e vontade do padre Lino Maia”. A instituição começa já a funcionar nas valências de centro de dia e de apoio domiciliário, mas só estará em condições de laborar a 100% no início do próximo ano, altura em que os acessos ao novo centro, da responsabilidade da Câmara do Porto, estarão concluídos.

O primeiro-ministro enalteceu, na altura, o papel desempenhado pelas instituições da sociedade civil que dão resposta “com dignidade aos idosos” e destacou, por várias vezes, o empenho do padre Lino Maia nesta obra, “fruto de grandes envolvimentos, de grandes vontades e de muito engenho e muita arte”.

A construção do Centro Social de S. Martinho de Aldoar - uma aspiração desde 1996 – só foi possível graças à generosíssima oferta de um terreno, orçado em 600 mil euros, e um extraordinário contributo da família Lopes Neves”, nas palavras do pároco de Aldoar, Lino Maia.

No final da cerimónia, o primeiro-ministro entregou à benemérita Conceição Lopes Neves, presente na sala, um alfinete com a bandeira de Portugal, num gesto simbólico de agradecimento.

Depois de um jantar privado, o primeiro-ministro encerrou no edifício da Alfândega do Porto, a volta que governantes e dirigentes do PSD fizeram durante uma semana ao país para explicar o Orçamento do Estado para 2015.

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