Fraudes com cartões na zona euro aumentaram 14,8% em 2012

Mais vendas online, mais fraudes com cartão. O retrato é traçado pelo BCE num relatório sobre burlas nas compras pagas com cartões no espaço europeu. Portugal surge entre países com menor nível de fraudes.

As fraudes com cartões de débito e crédito no espaço único de pagamentos em euros (SEPA) aumentaram em 2012, pela primeira vez desde 2008, e atingiram 1330 milhões de euros, revelou o Banco Central Europeu (BCE) nesta terça-feira.

Segundo o terceiro relatório do supervisor financeiro europeu sobre fraude nos pagamentos com cartão, em 2012 um em cada 2,635 euros gastos através deste meio de pagamento perdeu-se em operações consideradas fraudulentas.

O valor total cresceu 14,8% face a 2011, atingindo 1330 milhões de euros, e o aumento ficou a dever-se, essencialmente, às fraudes registadas nas vendas através da Internet, explicou o BCE. Por isso, “a indústria tem de fazer muito mais para reforçar os mecanismos de segurança dos cartões e, em particular, os das vendas online”, defendeu o supervisor financeiro.

Segundo o estudo, os cartões emitidos em França, Reino Unido e Luxemburgo foram aqueles que registaram maiores prejuízos decorrentes de burlas em proporção do número de operações regulares.

A SIBS, entidade que gere a rede Multibanco, veio sublinhar que o relatório do BCE mostra que o sistema português de pagamentos com cartão é “reconhecido como um dos mais seguros da Europa e do mundo”. Portugal surge no grupo de países identificados pelo BCE como tendo um “elevado grau de utilização de pagamentos com cartão e reduzidos níveis de fraude”. Ainda assim, o BCE refere que, entre os países com baixo nível de operações fraudulentas com cartões, Portugal esteve entre aqueles que em 2012 apresentaram algum agravamento, à semelhança da Polónia.

Apesar do aumento das situações de fraude verificados em 2012, o BCE notou que o peso destas transacções no volume global de compras efectuadas no espaço SEPA (União Europeia, Islândia, Liechtenstein, Mónaco, Noruega e Suíça) mantém-se abaixo dos níveis de 2008 e de 2010. No total, está em causa uma fatia de 0,038% de transacções com um volume total de 3,5 biliões de euros.

Já em comparação com 2008, o volume total de fraudes recuou 9,3%, enquanto o valor global das transacções aumentou 17%. “Os números mostram que devemos estar vigilantes, embora também seja tranquilizador verificar que o nível de fraudes é inferior dentro do espaço SEPA, graças aos elevados padrões de segurança adoptados”, afirmou o vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio.

O relatório compilado pelo BCE e pelos 18 bancos centrais da zona euro refere que 60% dos casos de burla ocorreu em situações em que os cartões não estiveram fisicamente presentes, ou seja, pagamentos através de email, telefone ou Internet (CNP). Este é também o tipo de irregularidades mais comuns no caso português, ainda que o número esteja abaixo da média europeia.

Outras situações verificaram-se através dos terminais de pagamento (POS) e caixas de levantamento automático (ATM), mas o BCE destaca em particular o crescimento das fraudes CNP nos últimos anos - 21% entre 2011 e 2012. A tendência também se explica pelo aumento de transacções deste tipo: o BCE estima que as compras CNP tenham aumentado entre 15% a 20% ao ano, comparativamente com o crescimento anual de 4% das transacções POS e ATM.

O banco central refere ainda que os países onde as situações fraudulentas mais progrediram foram aqueles onde as tentativas de reforçar a segurança das transacções se baseou mais em alterações de passwords do que em técnicas mais sofisticadas como a geração de códigos aleatórios e a utilização de leitores de chips.

Estas técnicas, em conjunto com uma maior sensibilização para questões de segurança dos consumidores e comerciantes é indispensável, porque “é garantido que este tipo de fraudes vai continuar a aumentar”, vaticina o relatório. No caso das transacções em ATM e POS, as situações de fraude ocorreram essencialmente fora da área SEPA (65%), através da clonagem de cartões.

 

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