Fiat já tem luz verde para se fundir com a Chrysler

Percentagem de accionistas que se opõem está abaixo do limiar fixado pela companhia.

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Resultados financeiros da Fiat do quarto trimestre abaixo das expectativas ANDREAS SOLARO/AFP

A Fiat já tem luz verde para avançar com a fusão com a norte-americana Chrysler, concluído o processo para que os seus accionistas que se opõe à operação pudessem vender as acções de que são titulares.

Ontem, apurados os resultados, verificou-se que os títulos que a Fiat terá de comprar a accionistas que não querem fazer parte da nova empresa totalizam cerca de 470 milhões de euros, abaixo dos 500 milhões que era o limite máximo que a companhia admitia pagar.

Se aquele limiar fosse ultrapassado, a Fiat teria que levar o assunto a uma nova assembleia geral ou então restar-lhe-ía abandonar o projecto de fusão com a construtora norte-americana.

No fundo, as duas companhias já tem os seus negócios a funcionar numa plataforma conjunta desde que a companhia italiana comprou o capital que ainda não tinha em seu poder – o equivalente a 41,5% das acções que estavam na posse de um fundo de pensões de trabalhadores do sector automóvel.

Mas o objectivo da companhia dirigida pelo gestor Sergio Marchionni é o de realizar uma profunda reestruturação do grupo, que, combinado, passará a ser o sétimo maior construtor automóvel do mundo. Entre as medidas em linha, está a intenção de cotar as acções da nova companhia na bolsa de Nova Iorque e de transferir a sede operacional para a Holanda, onde a família Agnelli poderá manter o controlo da sociedade, e a sede fiscal no Reino Unido, que dispõe de um regime de tributação de dividendos mais favorável.

A entrada em bolsa é outro dos mais fortes desígnios de Marchionni, o gestor que não veste fato, que vê na chegada a Wall Street uma forma de encontrar meios que lhe permitam financiar o plano de desenvolvimento e expansão que tem em mente para os próximos cinco anos. As perspectivas apontam para um valor próximo dos 48 mil milhões de euros.

Criada há 100 anos, o grupo italiano viu a sua base de clientes na Europa reduzir-se drasticamente nos últimos anos face à emergência de novos poderes no sector automóvel continental. Depois de ter comprado a Chrysler, que foi intervencionada pela administração norte-americana no auge da crise económica e financeira, a Fiat iniciou uma reestruturação da companhia que já começou a dar frutos.

Agora, o objectivo é conseguir uma revitalização das marcas próprias, que serão mais orientadas para o mercado de gama alta, com a Alfa Romeo a assumir um papel preponderante.

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