Ferrari arranca para a bolsa com uma meta de 864 milhões

Empresa definiu preço entre 48 a 52 dólares por acção. A marca italiana fica mais perto de se separar do grupo Fiat Chrysler.

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A marca deliberadamente mantém reduzidos os volumes de produção Eduardo Munoz/Reuters

A Ferrari está quase a andar sozinha. A fabricante italiana de carros de luxo, que é propriedade do grupo Fiat Chrysler Automobiles, prepara-se para entrar na Bolsa de Nova Iorque e indicou que a venda inicial de acções será feita a um preço entre os 48 e os 52 dólares.

Os documentos entregues esta semana à autoridade americana regulador do mercado especificam que vão ser vendidos 17,2 milhões de acções da empresa holandesa New Business NV, cujo nome será mudado depois da oferta de venda para Ferrari NV. Trata-se de uma empresa que foi criada propositadamente para esta operação. As acções a colocar no mercado representam 9% do capital da Ferrari, embora os bancos que vão conduzir o processo possam tenham a opção de vender mais 1,7 milhões de acções caso a procura o justifique, o que subiria para 10% a percentagem do capital em bolsa.

A venda, anunciada há um ano, pode assim significar um encaixe máximo a rondar 982 milhões de dólares (864 milhões de euros) e uma capitalização bolsista próxima dos dez mil milhões. A maior parte das receitas da operação irá para a Fiat Chrysler, que tem um multimilionário plano de investimento para a expansão das outras marcas do grupo, que incluem a Jeep, a Alfa Romeo e os carros de luxo da Maserati. Depois da dispersão em bolsa, o grupo ficará com 80% do capital, que vai distribuir pelos seus próprios accionistas, completando assim a separação da Ferrari. Os restantes 10% estão nas mãos de Piero Lardi Ferrari, filho do fundador da marca.

Como é típico das marcas de luxo, a Ferrari vende relativamente poucos carros por ano, o que se deve tanto ao facto de estar num mercado de nicho, como à estratégia de não aumentar a produção para continuar a dar aos proprietários uma sensação de exclusividade. Nos primeiros seis meses do ano, foram vendidos 3694 automóveis em todo o mundo (dois dos quais em Portugal), o que se traduziu em receitas de 1387 milhões de euros. ”Embora importante para a nossa estratégia de marketing actual, o nosso foco em manter volumes baixos e exclusividade limita o potencial de crescimento de vendas e de lucro”, avisa o prospecto da empresa.

Outro factor que também não é comum nas marcas de automóveis é a grande importância dos resultados da equipa desportiva em atrair clientes. "Se não formos capazes de atrair e reter o talento necessário para sermos bem-sucedidos em competições internacionais, nem de aplicar o capital necessário para financiar corridas de sucesso, o valor da marca Ferrari e o apelo dos nossos caros e outros bens de luxo pode sofrer”, indica o documento escrito pela empresa.

Sair da alçada da Fiat Chrysler (um grupo criado no ano passado pela fusão das duas empresas) marca o fim de um período de quase meio século: foi em 1969 que a Fiat comprou metade da Ferrari. 

 

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