Fiat separa-se da Ferrari e coloca-a em bolsa

Anúncio surge pouco depois de a marca italiana ter completado a fusão com a Chrysler.

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O grupo é dono de 90% da Ferrari Carlos Barria/Reuters

No próximo ano, será mais fácil ser dono de uma parte da fabricante Ferrari do que de um dos famosos carros desportivos italianos. A Fiat Chrysler Automobile (FCA), o grupo criado recentemente pela fusão destas duas fabricantes automóveis, anunciou que vai separar-se da marca de luxo, de que é accionista maioritária.

A operação vai implicar a dispersão de 10% do capital em bolsa através de uma oferta pública inicial e o restante será distribuído pelos accionistas do grupo. A FCA é actualmente dona de 90% da Ferrari, com os outros 10% a estarem nas mãos de Piero Lardi Ferrari, filho do criador da marca e que é vice-presidente da empresa. Para além da Fiat e da Chrysler, o grupo é ainda dono da Maserati, uma outra marca de carros desportivos de luxo, e da Alfa Romeo.

A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, pouco tempo depois de a italiana Fiat e a americana Chrysler terem, este mês, concluído a fusão e de o grupo resultante desta união de forças se ter estreado na Bolsa de Nova Iorque. O processo tinha começado em 2009, quando a Chrysler, em dificuldades financeiras, apresentou às autoridades americanas um pedido de protecção em relação aos credores.

“À medida que avançamos para assegurar o plano de negócio para 2014-2018 e trabalhamos para maximizar o valor do negócio e o valor para os nossos accionistas, é mais apropriado que sigamos caminhos distintos para a FCA e para a Ferrari”, afirmou o presidente executivo da FCA,  Sergio Marchionne, num comunicado da empresa. A FCA adianta que a entrada em bolsa será feita nos EUA e “possivelmente” numa bolsa europeia, num processo que deverá estar concluído no próximo ano.

A decisão de alienar a Ferrari faz parte de um plano do grupo para angariar 48 mil milhões de euros. O anúncio acontece no mesmo dia em que o grupo apresentou resultados trimestrais, a primeira apresentação de contas desde a fusão. As receitas subiram 14% face ao mesmo período do ano passado, para os 23,6 mil milhões de euros, ao passo que o lucro se manteve essencialmente inalterado, nos 188 milhões de euros. Já o envio de automóveis para o retalho aumentou 10%, atingindo 1,1 milhões de unidades (o peso da Ferrari é diminuto – anualmente, a marca vende cerca de 6500 carros).

A par da alienação da Ferrari, a FCA vai também emitir 2,5 mil milhões de dólares de dívida (cerca de 1,98 mil milhões de euros), que poderá ser comprada por investidores institucionais e que será obrigatoriamente convertida em acções do grupo quando chegar o prazo de pagamento. Estes investidores receberão também acções da Ferrari.

As acções da FCA na Bolsa Italiana subiram nesta quarta-feira 12,7%, para 8,6 euros, desempenho semelhante ao que tiveram na Bolsa de Nova Iorque, onde registaram uma subida de  11,83%, para 10,85 dólares.

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