BCP anuncia aumento de capital de 2250 milhões de euros

Operação foi confirmada pela instituição financeira nesta terça-feira. Banco quer devolver ao Estado 1850 milhões de euros do empréstimo público.

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Presidente da ATM tem interesse directo em processo que envolve o BCP. Foto: António Borges (arquivo)

O BCP anunciou que vai avançar com um aumento de capital de 2250 milhões de euros através de uma oferta pública de subscrição. O valor, divulgado nesta terça-feira em comunicado emitido pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, é superior ao que havia sido noticiado.

De acordo com o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a operação prevê a emissão de mais de 34,4 mil milhões de novas acções ordinárias do BCP. O preço de subscrição foi fixado em 0,065 euros por acção, “de acordo com um rácio de 7 novas acções ordinárias por cada 4 acções ordinárias detidas”. O preço de subscrição representa "um desconto de aproximadamente 34% face ao preço teórico ajustado ex-rights (theoretical ex-rights price)", que é calculado com base no preço de fecho das acções na sessão de bolsista de 24 de Junho, adianta a instituição financeira lierada por Nuno Amado.

A cada detentor de acções ordinárias do banco será atribuído um direito de subscrição por cada acção representativa do actual capital social detido, explica o BCP, referindo que é intenção do banco iniciar a operação “no mais breve prazo, após aprovação do respectivo prospecto pela CMVM e a publicação deste último”.

Segundo o banco, as receitas da oferta serão alocadas “ao reembolso dos Instrumentos de Capital Híbrido [CoCo's ou títulos de capital contingente] subscritos pelo Estado no montante de 1850 milhões de euros, deixando 750 milhões de euros por reembolsar”, algo que o BCP “tenciona fazer até ao início de 2016”.

No comunicado enviado à CMVM, Nuno Amado sublinha que a operação de aumento de capital “insere-se no ambicioso plano estratégico” para 2017, que foi aprovado pela Comissão Europeia em 2013. O encaixe gerado com a oferta permitirá ao banco “acelerar significativamente o calendário do reembolso dos Instrumentos de Capital Híbrido subscritos pelo Estado”. Tal deverá permitir “poupanças significativas com juros pagos e tem ainda um impacto positivo na capacidade interna de geração de capitais e na melhoria da estrutura e rácios de capital do banco”, acrescentou o banqueiro.

O Deutsche Bank e o J.P. Morgan vão coordenar a operação, na qual também participarão o Goldman Sachs International, o UBS Investment Bank, o Credit Suisse, o MEDIOBANCA, o BBVA, o Banco Santander, o Nomura e a Société Générale Corporate & Investment Banking, acrescenta o BCP.

Nesta terça-feira de madrugada a Reuters já anunciara estar iminente uma operação de reforço do capital do BCP que poderia chegar aos dois mil milhões de euros. Porém, o comunicado oficial veio já depois das 21h00. Em Maio, o Diário Económico já tinha noticiado que, à semelhança do que o BES fez [aumento de capital de 1047 milhões de euros], também o BCP estava a preparar um aumento de capital para acelerar o reembolso de 2600 milhões de euros de títulos de capital contingente ao Estado (num empréstimo total de 3000 milhões dos quais já foram reembolsados 400 milhões).

A CMVM suspendeu as acções do BCP na tarde desta terça-feira. Os títulos do banco estiveram a cair quase 5% até à paragem da negociação (com um enorme salto no volume de transacções ao meio-dia), que ocorreu pelas 15h30. A essa hora, o valor do título estava nos 0,1585 euros.

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