Foi um dos grandes nomes do teatro russo, fundou o grupo da Taganka. O seu estilo dotado de invenção incentivou várias gerações. Yuri Lyubimov morreu neste domingo aos 77 anos.

A AFP escreve neste domingo que morreu um “titã”. O encenador, que fundou o grupo de teatro da Taganka, que se tornou um símbolo da resistência à censura e à arbitrariedade do poder soviético, ficou conhecido por apresentar peças inovadoras, cuja inventividade visual lhe rendeu reconhecimento internacional.

Internado há uns dias com complicações cardíacas, a sua morte foi neste domingo anunciada pelo hospital de Moscovo. O presidente russo Vladimir Putin reagiu à notícia, dizendo que “seria muito difícil sobrestimar o papel de Yuri Lyubimov no desenvolvimento do teatro russo contemporâneo”.

Nascido em 1917, Lyubimov começou por dirigir produções teatrais avant-garde na década de 1960. A sua carreira no teatro, porém, havia começado mais cedo como actor. O encenador trabalhou com os maiores nomes da cultura russa, incluindo o encenador Vsevolod Meyerhold, o compositor Dmitri Chostakovitch, o escritor Boris Pasternak e o cantor e actor Vladimir Vyssotski.

O seu percurso, a sua vida, fica para sempre ligado ao Taganka, que fundou em 1963. Aí permaneceu durante duas décadas, mostrando que a Rússia também conseguia ser criativa, apesar de todas as pressões do regime. No início dos anos 1980, as produções de Lyubimov foram proibidas pelo regime soviético e em 1984 perdeu a cidadania soviética. Viu-se então obrigado a sair do país, conseguindo manter a sua carreira, tanto na Europa como nos Estados Unidos.

Cinco anos depois, Yuri Lyubimov volta a Moscovo, ao teatro que fundou e aí permaneceu até 2011, ano em que saiu, depois de um confronto com o elenco do Taganka. Tudo começou por um desentendimento e acabou na ruptura. O elenco do teatro exigia o pagamento antecipado para se apresentar num festival na República Checa, Lyubimov não aprovou a atitude, e os dois lados afastaram-se.

Saiu por sua decisão mas nem por isso deixou de trabalhar. Dizia que tinha ainda muita vida e força para agora não fazer nada e foi então dirigir um outro teatro, o Vajtangov, não menos importante que o Taganka.