Merce Cunningham volta a ser um acontecimento

Duas exposições com um extenso programa paralelo voltam a pôr o foco no coreógrafo norte-americano. A partir de Fevereiro de 2017, em Mineápolis e Chicago.

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Merce Cunningham fotografado em 1994, quando a sua companhia dançou na Lisboa Capital da Cultura Pedro Cunha/arquivo

Merce Cunningham: Common Time, com abertura marcada para Fevereiro de 2017, não será apenas uma exposição dividida em dois pólos, o Walker Art Center, em Mineápolis, e o Museum of Contemporary Art, em Chicago. Será um acontecimento, com muita coisa ao mesmo tempo, como era hábito nas produções da companhia dirigida por este norte-americano que é um dos maiores coreógrafos do século XX. Os dois museus farão em simultâneo uma viagem pelo mundo revolucionário e multidisciplinar de Cunningham e de uma galáxia de colaboradores-estrela que incluía compositores como John Cage, Morton Feldman e David Tudor, e artistas como Andy Warhol, Jasper Jones, Frank Stella e Robert Rauschenberg.

A exposição, organizada pelo Walker, museu que tem à sua guarda todos os cenários e figurinos da companhia de Cunningham, vai ter uma forte componente performática, garante o diário norte-americano The New York Times, com formações estrangeiras a interpretarem peças do coreógrafo (o Ballet de Lorraine, por exemplo) e até com alguns dos seus bailarinos. Uma ocasião rara para rever estes corpos treinados como máquinas de precisão numa técnica extremamente exigente que, dizia Cunningham, moldava o corpo e as consciências.

À data da sua morte, em 2009, menos de um mês depois de ter desaparecido outro dos gigantes da dança do último século, a alemã Pina Bausch, este norte-americano a quem se devem obras seminais como Rainforest, Biped e Ocean deixou escrito o que queria que fosse feito com o seu legado, parte dele construído com Cage, com quem também partilhou a vida.

O programa de Merce Cunningham: Common Time incluirá ainda novas coreografias encomendadas a Rashaun Mitchell e Silas Riener (ambos bailarinos na última formação dirigida pelo criador) e a Beth Gill e Maria Hassabi. E como a música e as artes visuais nunca podem andar longe quando se fala de Cunningham, a oferta inclui ainda a audição de composições de Cage ou Feldman e instalações-vídeo de Charles Atlas, Nam June Paik e Tacita Dean.

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