Cenógrafo alemão Bert Neumann morre aos 54 anos

Colaborador de sempre do encenador Frank Castorf, director da Volksbühne de Berlim, era considerado um dos melhores cenógrafos alemães da actualidade

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O cenógrafo alemão Bert Neumann morreu inesperadamente esta quinta-feira, aos 54 anos, na sua casa de Mecklenburg, no norte da Alemanha. A notícia foi confirmada pela Volksbühne, em Berlim, onde Neumann chefiava o departamento de cenografia.

Conhecido sobretudo pela sua colaboração de décadas com o encenador Frank Castorf, director artístico do teatro berlinense Volksbühne, Neumann trabalhou também para o cinema e era considerado um dos melhores cenógrafos alemães da actualidade. Pouco antes de morrer, recebera o prestigiado prémio de cenografia Hein-Heckroth, a juntar a várias outras distinções, da medalha Joseph Kainz, atribuída pela cidade de Viena, ao Prémio de Teatro de Berlim.

Nascido em Magdeburgo, cresceu em Berlim Oriental, onde se formou em cenografia, e começou por trabalhar no teatro Hans Otto, em Potsdam. Em 1988, ainda antes da queda do Muro de Berlim, começou a trabalhar com Frank Castorff, e em 1990 fundou com a sua mulher, a fotógrafa Lenore Blievernicht, o atelier gráfico LSD.

Entra na Volksbühne em 1992, pela mão de Castorff, de quem sempre se manteve próximo. Na polémica que levou à anunciada saída do actual director artístico em 2017, Neumann defendeu o seu amigo de sempre e opôs-se publicamente à escolha de Chris Dercon para suceder a Castorff.

Colaborou também regularmente, entre outros, com o encenador alemão René Pollesch, com o dramaturgo e encenador holandês Johan Simons ou com o cineasta e encenador Leander Haußmann.

As cenografias que realizou para as encenações de Castorf de obras de Dostoievski, como O Idiota e Os Irmãos Karamazov, ou para as peças da trilogia Prater, que Pollesch apresentou na Volksbühne em 2004 e 2005, são alguns dos trabalhos mais apreciados de um cenógrafo que gostava de contentores e cadeiras de plástico, de lâmpadas de néon e de papéis de parede com florzinhas, de objectos quotidianos e, sobretudo, diz o crítico Till Briegleb num retrato de Neumann escrito para o jornal Süddeutsche Zeitung, “de símbolos políticos e económicos”.

 

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