Morreu Wojciech Kilar, o compositor de Drácula e O Pianista

Kilar, que morreu aos 81 anos, assinou as bandas sonoras de 130 filmes, mas compôs também música sinfónica e de câmara

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Wojciech Kilar DR

Em 2002, com a banda do filme O Pianista, do realizador Roman Polanski, também polaco, Kilar recebeu o prémio César para a melhor música escrita para um filme. No entanto, já dez anos antes, em 1992, a Sociedade Norte-Americana de Compositores, Autores e Editores, de Los Angeles, o tinha distinguido pela melhor banda sonora original do filme Drácula, de Francis Ford Coppola, na sequência do qual trabalhou também, por exemplo, com Jane Campion.

Na Polónia, notabilizaram-no temas como a valsa que compôs para o filme do realizador Andrzej Wajda Terra Prometida, que se tornou um marco na sua carreira e na produção musical do seu país e também colaborações com realizadores como Krzysztof Kieslowski e Krzysztof Zanussi.

Kilar morreu na sua cidade natal, Katowice, no Sul da Polónia, na sequência de uma doença que as agências noticiosas internacionais não especificaram. "O poder e a mensagem da sua música, bem como o nobre carácter de Wojciech Kilar, como pessoa, ficarão na minha memória para sempre, disse à AP Jerzy Kornowicz, presidente da Associação de Compositores Polacos.

É também a AP que recorda Kilar como um homem modesto que evitava a exposição e atenção públicas e cuja primeira paixão era compor para sinfonias e concertos, a que dava prioridade, antes dos filmes. “Num filme”, dizia Kilar, “a música é apenas um de muitos elementos. A música séria, que componho, é assinada apenas com o meu nome, e isso dá-me verdadeiro prazer.”

Quando aceitava trabalhar para cinema, Kilar dizia obedecer a três critérios simples. Por ordem: o nome do realizador, o salário e o guião. Obedecendo a estes critérios, assinou cerca de 130 bandas sonoras. No entanto, para se dedicar à sua própria música, recusou muitas ofertas, nomeadamente o convite para a banda sonora da trilogia O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson.

Filho de um médico e de uma actriz, Kilar nasceu a 17 de Julho de 1932 em Lviv, uma antiga cidade polaca que hoje fica na Ucrânia. Começou cedo a sua educação musical como estudante de piano, teoria musical e composição, formando-se em 1955 na Academia Pública de Katowice. Nos anos 1960 estudou também em Paris, acabando por se tornar num dos compositores da vanguarda polaca, trabalhando conceitos como a serialização.

O ano de 1974 assinalou um marco no seu percurso, com Krzesany,  um poema sinfónico para orquestra inspirado na música popular do Sul da Polónia. A partir daí, as suas principais fontes de inspiração foram tanto a música popular do seu país como a música sacra que o acompanhava desde a infância, quando assistia missas em latim.

A AP recorda que quando Coppola lhe perguntou como se compunha música como a dele, Kilar respondeu: “É preciso viver em Katowice.” Recorda também uma entrevista em que o compositor explicou que gostaria de ser lembrado como “um bom ser humano, alguém que trouxe um pouco de felicidade, esperança e reflexão à vida e ao mundo, e talvez um pouco de fé”.

A mulher de Kilar, Barbara, com quem viveu mais de 40 anos, morreu em 2007. Não tiveram filhos.

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