Dois concertos para 35 anos de Xutos & Pontapés

Banda apresentará Puro, o novo álbum, e os clássicos obrigatórios sexta-feira e sábado no Meo Arena

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Os Xutos são um dos cabeças-de-cartaz da Queima das Fitas do Porto Nuno Ferreira Santos

Há dez anos o Pavilhão Atlântico encheu. Há cinco, o Estádio do Restelo esteve repleto. Este ano, o Pavilhão Atlântico que é agora MEO Arena encher-se-á novamente. 25, 30, 35 anos. Os dos Xutos & Pontapés, que celebrarão nova data redonda com duas datas na maior sala de espectáculos lisboeta.

Sexta e sábado, a banda de Zé Pedro, Tim, Kalú, João Cabeleira e Gui tocarão os clássicos, porque os clássicos não podem faltar e são razão maior da popularidade constante dos Xutos, mas apresentarão também o novo Puro, álbum que tem sido recebido pelos fãs como prova de vitalidade. Para o primeiro concerto, a corrida às bilheteiras será já infrutífera (os bilhetes estão esgotados). Resta o segundo, com entradas entre os 25 e os 30 euros para assistir às anunciadas 2h30m de concerto (se é para celebrar, que seja em grande).

“Não fazemos as coisas por fazer, é a nossa vontade ter músicas novas e continuar até cair para o lado”, dizia João Cabeleira ao PÚBLICO em Janeiro, durante a apresentação de Puro. “Continua a ser só rock’n’roll”, garantia a banda. Hoje como ontem: o novo álbum foi editado a 13 de Janeiro, 35 anos exactos cumpridos desde o primeiro concerto, em 1979, nos Alunos do Apolo, em Lisboa, em que se juntaram aos Faíscas para assinalar os 25 anos de vida do rock’n’roll (lá está).

Do Alunos do Apolo para a MEO Arena, desse distante 1979 a 2014, quase tudo mudou no país, no panorama musical e nos seus protagonistas. Os Xutos & Pontapés, esses, continuam. São agora uma instituição nacional reconhecida oficialmente (é um facto: podemos chamar-lhes “senhores comendadores”), uma banda que, de Sémen a Chuva dissolvente, de Remar remar a Dia de São Receber, de Contentores à recente Da nação, conseguiu, como pouquíssimas em Portugal, recolher os afectos do público, geração após geração.

O som está definido: a voz e as letras directas de Tim, a batida segura de Kalú, sempre a um passo da aceleração punk, os floreados imediatamente reconhecíveis de João Cabeleira, a marcação rítmica de Zé Pedro e o toque indispensável de Gui. O tom, a julgar por Puro, é igualmente o do período clássico. Quando começaram, o FMI iniciara há pouco uma intervenção em Portugal. Quando cumprem 35 anos, eis o FMI, como membro da troika, por cá novamente. “Salve-se quem puder / Este barco vai ao fundo / Salve-se quem puder / Vejo-te no outro mundo”, cantam em Salve-se quem puder.  “Onde é que eles foram, onde é que eles estão / Esses que eram o futuro da nação”, ouvimo-los em Da nação. “Era parvo da nossa parte contornar os problemas que vivemos hoje, é quase como diz o ditado, ‘a ocasião faz o ladrão’”, dizia Kalú na apresentação de Puro.

Hoje, aquele passado e este presente reunir-se-ão. Data redonda, dias de celebração. Os concertos punk nos pequenos palcos do Alunos do Apolo ou do Rock Rendez Vous não voltam mais. Os Xutos & Pontapés estarão numa arena tocando para mais de uma dezena de milhares. Prometem um espectáculo com grande aparato visual, cenograficamente inspirado num dos seus maiores êxitos, Contentores. Prometem rock, naturalmente. São eles afinal que dizem que continuarão a ser só isso, rock’n’roll, até caírem para o lado.

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