Comecemos em movimento para depois nos sentarmos: segundo o Museu do Design de Londres, premeia-se este ano “a reinvenção da roda, sob a forma de uma roda única e dobrável que pode ser aplicada a bicicletas e cadeiras de rodas”. O projecto vencedor na categoria de Transportes foi então a Morph Folding Wheel, do estúdio de design britânico Vitamins para a empresa Maddak Inc.

Agora, sentemo-nos. A cadeira em causa tem um nome que lhe dá o poder dos séculos – desde o XIV ao XVIII – e uma forma que a coloca directamente no século XXI – há algo de digital (no aspecto e no modo de fabrico), mas também elementos da genealogia dos projectos do designer alemão Konstantin Grcic, a começar na sua famosa 360º e passando pela Chair One. Grcic tem formação de marcenaria e fabrico de móveis e descreve o processo como uma busca de “uma gramática diferente” para o seu produto, mas não escapou ao seu cunho anguloso, mesmo em madeira. A cadeira Medici para a Mattiazzi (e cujo preço ronda os 900 euros) é a sua mais recente aventura premiada, desta feita pelo Museu de Design de Londres, que todos os anos destaca os sete melhores desenhos nas áreas de arquitectura, digital, moda, gráfico, produto, transporte e, no caso de Grcic, mobiliário.

Na categoria de arquitectura, na qual estava nomeado o projecto de recuperação do Teatro Thalia, do atelier de Gonçalo Byrne e de Barbas Lopes Arquitectos, os vencedores foram Frédéric Druot, Anne Lacaton and Jean-Philippe Vassal pelo projecto de recuperação da Tour Bois-le-Prêtre. Uma torre de apartamentos dos anos 1960 nas margens de Paris que sofreu o que o New York Times descreveu como um “estudo de caso de engenho arquitectónico e rejuvenescimento cívico”. Em volta dela estava uma antiga lixeira e prédios de cimento degradados. Mas as suas varandas envidraçadas e outras valências que lhe foram adicionadas pelos arquitectos tornaram-na num edifício exemplar da corrente do retrofitting: em vez de demolir e construir (algo) de novo, aproveitar as estruturas que podem já ser consideradas ultrapassadas.

Quanto ao design gráfico, categoria em que estava nomeado Pedro Nora pelo seu conceito e execução da identidade gráfica do festival anual DocLisboa, a vencedor foi para Veneza: o prémio foi para a identidade visual da Bienal de Arquitectura de Veneza, da autoria do britânico John Morgan Studio. O novo site do governo britânico, que reúne todos os ministérios e sites governamentais num só portal para “revolucionar a sua comunicação online”, segundo o Museu do Design de Londres, recebeu a distinção na secção Digital.

No que toca à moda, o documentário The Eye Has to Travel, de Lisa Immordino Vreeland – exibido em Portugal no início de Março por ocasião da 40.ª ModaLisboa – foi o vencedor do prémio do ano. Um retrato da histórica editora de moda da Harper’s Bazaar e da Vogue americanas, uma história de excentricidade e inovação no cruzamento da moda com a cultura feito por uma realizadora estreante e que teve um percurso limitado no circuito comercial.  

Por fim, o Museu de Design de Londres destacou, na categoria de design de produto, o Kit Yamoyo – um trabalho da ColaLife e da PI Global e que na verdade é um kit de sobrevivência médica, uma bolha de plástico que envolve toalhetes desinfectantes, medicamentos e outros objectos de fins clínicos para usar em países em vias de desenvolvimento.

Com a eleição destes sete vencedores por categoria, o Museu de Design vai agora proceder à escolha, entre eles, do projecto que vencerá o prémio geral de Design of the Year. Os 90 projectos candidatos e os sete vencedores por categoria estão em exposição no museu até 7 de Julho.