António Mota admite retirar a Mota-Engil África de bolsa

Presidente do grupo de construção é citado em research do BPI.

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Grupo liderado por António Mota está a crescer mais na América Latina do que em África NFACTOS/FERNANDO VELUDO

O chairman do grupo Mota-Engil, António Mota, reconheceu que a performance das acções da Mota-Engil África, cotada na praça de Amesterdão, “tem sido insatisfatória” e admitiu poder retirar a empresa de bolsa se não for encontrada uma solução que permita aumentar a sua liquidez.

As declarações de António Mota foram feitas na conferência ibérica do BPI, que teve lugar na semana passada. De acordo com a Reuters, que cita um research (análise de bolsa) do BPI, António Mota expressou “a sua insatisfação com a actual situação da Mota-Engil África [que agrega os negócios em África] , que está a afectar a percepção do mercado quanto ao valor justo da Mota-Engil"

Ainda de acordo com o research, "a Mota-Engil espera encontrar uma solução para a Mota-Engil África que possa abranger um aumento de liquidez, através da venda de uma participação ou da saída de bolsa desta empresa".

Foi a primeira vez que a possibilidade de retirar a Mota-Engil África de bolsa foi avançada e acontece numa altura em que a empresa ainda não completou um ano de cotação na praça de Amesterdão.

A entrada em Amesterdão, depois de frustrada a tentativa para a cotar na bolsa de Londres, aconteceu em Novembro de 2014, e foi feita a 11 euros por acção. Os títulos apresentam actualmente uma desvalorização superior a 50%, situando-se ligeiramente acima dos cinco euros.

A dispersão de capital é muito reduzida, da ordem dos 6%. O restante capital da empresa é controlado pela Mota-Engil (81,32%) e pela FM Sociedade de Controlo (12,58%), que é da família Mota.

Desde o início do processo de cotação da unidade que agrega os negócios do grupo em África que está previsto uma dispersão de capital, mas que até ao momento ainda não foi realizada, porque “as condições de mercado não têm sido favoráveis”, disse ao PÚBLICO um analista do mercado, que pediu para não ser identificado.

O PÚBLICO contactou esta quinta-feira a Mota-Engil, no sentido de perceber se já existia alguma decisão de retirar a subsidiária da bolsa de Amesterdão, ou de aumentar a dispersão de capital, mas fonte oficial limitou-se a dizer que a empresa não fará comentários sobre esta matéria.

As acções da Mota-Engil encerram esta quinta-feira a ganhar 2,64%, para 2,11 euros. Apesar da subida, as acções têm registado uma forte desvalorização face ao máximo do ano, nos 3,70 euros.

Os resultados do primeiro semestre desiludiram os investidores. A Mota-Engil  registou um  volume de negócios de 1074 milhões de euros, uma queda de 4,3% face ao período homólogo anterior, influenciado por uma quebra 32% nas receitas realizadas no mercado africano. Os lucros ascenderam a 12,57 milhões de euros, menos 59,5% que nos primeiros seis meses de 2014.

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