"Surpreendidos estamos todos nós", diz presidente do Santanter Totta

Vieira Monteiro diz que só os gestores do BES podem explicar resultado tão negativo da instituição.

António Vieira Monteiro será ouvido numa altura em que banco está em litígio com o Estado português
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António Vieira Monteiro, presidente do Banco Santander Totta. Pedro Cunha
Além do Santander, o Governo decidiu avançar para tribunal contra o JP Morgan
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Além do Santander, o Governo decidiu avançar para tribunal contra o JP Morgan José Sarmento de Matos

O Banco Santander Totta registou um crescimento de 159,7% nos seus resultados semestrais, para 80,2 milhões de euros, divulgou esta quinta-feira a instituição.

O aumento dos lucros face a período homólogo, que tinham sido de 30,9 milhões de euros, reflecte, segundo o banco de capitais espanhóis, o aumento das receitas, com especial destaque para o crescimento de 6,6% na margem financeira para 267,9 milhões de euros, sustentada na redução dos custos de financiamento.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o Santander também destaca que a melhoria de resultados se ficou a dever “a menor necessidade de constituição de provisões, devido ao aumento da rendibilidade recorrente”.

No segundo trimestre, a instituição alcançou um lucro de 38,1 milhões de euros, mais 84,2% face a período homólogo.

O crédito concedido a empresas totalizou 9,7 mil milhões de euros, mantendo-se “relativamente estável, num contexto de forte contracção no mercado e evidenciando um aumento significativo na quota de mercado”, refere o comunicado.

Os depósitos ascenderam a 18,8 mil milhões de euros, subindo 1,1% em relação ao final de Março. E o rácio de crédito em risco atingiu 5,68% e o rácio de cobertura entre créditos e depósitos fixou-se em 74,5%

O rácio Core Tier I que reflecte a solidez da instituição, fixou-se em 14,7%, "muito superior ao valor mínimo de referência de 8%”, refere o banco. O rácio de capital fixou-se nos 12%.

No comunicado, o presidente do Santander, António Vieira Monteiro, destaca que “a excelente situação de solvabilidade e solidez, permitiu ao banco voltar com sucesso, por duas vezes, aos mercados, reduzindo consequentemente em 2,3 mil milhões de euros a sua posição no BCE face ao período homólogo, e alcançando um custo de funding [financiamento] muito eficiente”.

Para o gestor, a instituição “tem as condições necessárias” para continuar a apoiar a revitalização da economia e o crescimento internacionalização das empresas portuguesa”.

Até agora, Santander é o único a apresentar lucros semestrais. O BCP apresentou prejuízos de 62 milhões de euros, valor que, no caso do BPI, foi de 106,6 milhões. As perdas disparam no caso do BES para 3577 milhões de euros. Somadas, as perdas atingem uns históricos 3745,9 milhões de euros.

"Surpresa" face à dimensão dos prejuízos do BES
Sobre o BES, António Vieira Monteiro, revelou ter ficado surpreendido com as contas apresentadas.

"Surpreendidos estamos todos nós", afirmou o gestor depois de questionado sobre a matéria na conferência de apresentação dos resultados semestrais do Santander Totta, citado pela Lusa.

Realçando que um prejuízo da dimensão do apresentado BES é "algo de inédito", Vieira Monteiro diz que só os gestores do banco agora liderado por Vítor Bento é que podem explicar este resultado tão negativo.

Quanto ao desrespeito da equipa de gestão que era liderada por Ricardo Salgado às instruções dadas pelo Banco de Portugal, Vieira Monteiro disse, ainda de acordo com a Lusa, que no banco que lidera as instruções do regulador e supervisor bancário "são para ser cumpridas".

O responsável escusou-se a comentar a detenção para interrogatório de Ricardo Salgado, no âmbito do caso Monte Branco.

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