Desprotegidos do mundo: uni-vos e tomai o poder! Não, não há slogans em "Os Respigadores e a Respigadora"; o apelo à consciência cívica (isso existe) não transborda e tem sempre tempero à altura: a (assumida) excentricidade da cineasta, Agnès Varda. "Os Respigadores e a Respigadora", em que Varda, munida da sua pequena câmara digital, parte para o mundo para recolher impressões daqueles que vivem dos restos que os outros deitam fora (e para ela própria apanhar esses bocados), tem o sentido lúdico de um inventário do real que só o documentário permite e, com a mesma luminosa clarividência, é um auto-retrato grave (aquele plano, das mãos da cineasta a mostrarem que "o fim está perto", rima, de forma comovente, com um plano idêntico de "Jacquot de Nantes", filme que Varda dedicou ao marido doente, Jacques Demy). Isto para dizer que era bom que os espectadores portugueses transformassem "Os Respigadores e a Respigadora" no filme de culto do final de Verão. Além do mais, é um argumento para acender a polémica da (anti)globalização.
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