Twitter encerra 377 mil contas em seis meses por promoção de terrorismo

Em Portugal, as autoridades pediram que fosse removida uma conta que assumia a identidade do Presidente da República.

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Desde 2015 foram removidas 636 mil contas Reuters/Kacper Pempel

O Twitter encerrou, no último semestre de 2016, cerca de 377 mil contas que promoviam terrorismo e incitavam ao ódio (um aumento de 60% em relação ao período anterior).

A informação surge no último relatório de transparência da rede social, divulgado nesta terça-feira, que detalha pela primeira vez informação sobre pedidos de remoção de conteúdo de jornalistas, e que também inclui os pedidos feitos pelas autoridades nacionais. 

Em Portugal, a única conta removida a pedido de autoridades não estava relacionada com terrorismo: tratou-se de um utilizador que fingia ser o Presidente da República. “As autoridades portuguesas denunciaram uma conta do Twitter por estar a fazer-se passar pelo Presidente da República. A conta foi suspensa por violar a nossa política de falsa identidade”, lê-se no relatório da rede social. A empresa não deu detalhes sobre o caso e não é claro se a conta pretendia enganar os outros utilizadores, ou se era apenas uma das muitas contas que assumem a identidade de políticos com fins humorísticos.

Uma das novidades deste relatório é a inclusão de pedidos de remoção de conteúdo jornalístico. Nos últimos seis meses, foram feitos 88 pedidos sobre contas de jornalistas e organizações de comunicação social verificadas (um pedido pode visar a remoção de mais do que uma conta). No Brasil, por exemplo, houve uma ordem judicial para remover comentários de um jornalista que o tribunal considerou serem difamatórios para um dirigente desportivo. O Twitter ignorou o pedido por não violar os termos de utilização do site. A rede social diz que não deu resposta à maioria dos pedidos, excluindo um caso de falsa identidade na Alemanha e 29 casos na Turquia.

A maioria daqueles pedidos – 88% – teve origem na Turquia. Deste total, a rede social diz que apenas removeu 15 mensagens e 14 contas, por incluírem imagens explícitas da devastação deixada por ataques de terrorismo recentes, ou por violarem informação do concelho de segurança nacional daquele país no seguimento do golpe de Estado de Julho. Em vários casos, a rede social diz ter recorrido aos tribunais turcos por sentir que a remoção do conteúdo punha em causa a liberdade de expressão.

Ainda assim, os pedidos de remoção de conteúdo apresentados pelos governos ou autoridades nacionais são uma pequena parte do total. Apenas existiram 716 pedidos deste género, que totalizam 5929 contas. “Esta secção não inclui os pedidos, mesmo os de autoridades governamentais, feitos através à nossa equipa de apoio ao cliente através dos formulários de apoio ao cliente”, lê-se no relatório. A maior parte dos casos de remoção é feita automaticamente, através das ferramentas anti-spam do Twitter. Estas foram desenvolvidas para procurar contas automatizadas, que fazem várias publicações idênticas seguidas, frequentemente com conteúdo comercial ou conteúdo propagandístico a favor de discursos de ódio.

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