Os incidentes relacionados com a cibersegurança aumentaram 38% no ano passado a nível mundial, o que levou a que quatro em cada cinco empresas na União Europeia tenham registado pelo menos um acidente. “Isto prejudica as empresas europeias, sejam grande ou pequenas, e mina a confiança na economia digital”, sublinhou a Comissão Europeia, num comunicado onde anunciou a assinatura de uma parceria público-privada com a Organização Europeia de Cibersegurança (ECSO, na sigla em inglês) para desenvolver directrizes que possam melhorar a segurança da informação na Europa.

Entre os parceiros privados envolvidos neste projecto está a S21sec, uma empresa detida maioritariamente pela Sonae IM, que é membro fundador da Organização Europeia de Cibersegurança. Segundo a Comissão Europeia, a iniciativa implica um investimento de cerca de 450 milhões de euros através do programa Horizonte 2020. A expectativa da Comissão é que os investimentos gerados ao abrigo desta iniciativa, incluindo a participação do sector privado, ascendam a 1800 milhões de euros, até 2020.

“A Europa precisa de produtos e serviços de cibersegurança de maior qualidade, que sejam financeiramente acessíveis e garantam interoperabilidade”, sublinhou o comissário europeu com a pasta da economia e sociedade digitais, Günther H. Oettinger. Com este projecto, Bruxelas espera reforçar a cooperação a nível transnacional e entre todos os players e sectores de actividade, de modo a assegurar a prevenção dos riscos em matéria de cibersegurança tanto a nível do cidadão, como das empresas e das administrações públicas.

“Com a nossa participação neste projecto esperamos contribuir decisivamente para a construção de um mercado europeu de cibersegurança sólido, harmonizado e competitivo de modo a poder servir todos os sectores”, referiu Xavier Mitxelena, CEO da S21sec, em comunicado.

Além das empresas, o acordo firmado com a Comissão Europeia vai abranger instituições do poder local, regional e nacional de vários Estados-membros, bem como centros de investigação e universidades. O objectivo é promover a criação de soluções de cibersegurança para sectores tão variados quanto a energia, a saúde, os transportes e os serviços financeiros, adianta a nota da Comissão Europeia.

Bruxelas prepara-se ainda para avançar com medidas para acabar com a fragmentação neste mercado. Segundo o comunicado, por toda a Europa existe actualmente um grande número de pequenas e médias empresas em mercados nicho, como por exemplo a criptografia, ou outras, em mercados já estabelecidos (como os antivírus), mas com modelos de negócio inovadores, que têm dificuldade em ganhar dimensão. A Comissão, compromete-se, por isso, a facilitar o acesso destas empresas a soluções de financiamento.

“Sem confiança e segurança não pode haver mercado digital comum”, a Europa tem de estar pronta para fazer face a “ameaças de cibersegurança que são cada vez mais sofisticadas e não reconhecem fronteiras”, sublinhou Andrus Ansip, o vice-presidente da Comissão com a pasta do mercado único digital.