Empresa de Coimbra cria espaço para ideias e experiências dos trabalhadores

No Fikalab, há três meses a funcionar na Critical Software, em Coimbra, os trabalhadores podem desligar da rotina do trabalho e aplicar algum do seu horário em experiências e testes de tecnologias, sem qualquer intuito comercial.

O laboratório, que vai buscar o seu nome à palavra sueca fika (pausa para café), tem um espaço próprio na sede da Critical, mas, acima de tudo, é um conceito que pode funcionar num open space, numa sala da empresa ou em casa, dando oportunidade aos funcionários para realizarem experiências e desenvolverem ideias não relacionadas com o trabalho, dentro ou fora do horário de cada um.

No espaço físico da iniciativa, há uma variedade de hardware, como sensores ou drones, a que o membro da comissão do Fikalab, António Alves, chama de "brinquedos".

Acima de tudo, com o Fikalab, a empresa pretende resgatar para o local de trabalho a vontade de aprender e de "brincar" com tecnologias, potenciando a aprendizagem de novas competências e instigando a criatividade de cada um.

Neste conceito, as pessoas podem propor qualquer tipo de ideia, que não precisa de ser inovadora ou sequer de ter sucesso na sua execução, sendo que a empresa, especializada em soluções de software e serviços de engenharia de informação, financia o material necessário para o projecto.

"É a possibilidade de brincarem, aprenderem e inventarem. E, ao aprenderem, a empresa ganha com isso. [Os funcionários] estão a adquirir novas competências e, quem sabe, de um dia para o outro, não aparece uma ideia espectacular", sublinha António Alves.

Augusto Campos, na empresa desde 2004, deixou a "correr umas rotinas no computador" e aproveitou a pausa de 15 minutos para se dirigir ao Fikalab, onde está de volta da impressora 3D, que montou com o seu grupo, fora do horário de trabalho, "com umas pizzas e umas cervejas".

"É quase um passatempo", diz o participante, que passou a conhecer "mais a fundo" a impressão 3D, que não tem a ver com aquilo que desenvolve dentro da empresa.

No âmbito do projecto, há quem esteja a criar um robot para ser "moço de recados", uma equipa de Lisboa construiu um balão que lançou para a estratosfera, outro grupo tenta estabilizar um pequeno drone e há quem queira pôr uma planta "a falar" para pedir água ou luz.

Pedro Fonseca e Telmo Inácio trabalham em web development na empresa. Andam o dia todo à volta de código, programando uma página webNo Fikalab, tentam domar o crazyflie, uma espécie de pequeno drone de quatro hélices que pesa apenas uns gramas e que tem dificuldade em ganhar estabilidade.

"Nós, todos os dias a fazer o mesmo, perdemos parte do desafio. O desafio diário acaba por ser fazer cada vez melhor algo que já sabemos fazer e já dominamos. Aqui, é quase como aprender de novo a pegar numa colher para comer", conta Pedro Fonseca.

"É meter as mãos na massa", explica Telmo Inácio, considerando a iniciativa uma oportunidade de "brincar com um aparelho e de produzir alguma coisa sem risco", ao mesmo tempo que se aprende "outro tipo de competências".

Vasco Nunes, a trabalhar na Critical em Lisboa, construiu com uma equipa de cinco elementos um balão de hélio, com câmara e GPS, que fizeram subir até à estratosfera. "O projecto promove a experimentação e isso interessa-nos, que a maioria gosta de experimentar e de tentar pôr coisas a funcionar", referiu.

Apesar de o projecto ter sido "uma brincadeira, permitiu explorar alguns sistemas e formas de funcionamento", sublinha o funcionário, que na infância e adolescência estava habituado "a fazer umas engenhocas". O Fikalab "puxou por esse bichinho", concluiu.

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