Cisco despede 7% dos trabalhadores

Facturação da multinacional estagnou este ano. Empresa está a tentar mudar para um negócio mais assente em software.

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Facturação da Cisco não está a crescer Albert Gea/Reuters

A Cisco, uma multinacional americana de equipamentos de rede com operações em Portugal, vai eliminar 5500 postos de trabalho, o que corresponde a cerca de 7% dos 73 mil funcionários que tem em todo o mundo. O corte acontece numa altura em que a empresa prevê uma estagnação das vendas no próximo trimestre e está numa fase de mudança para um negócio mais assente em software e serviços.

Os cortes de pessoal deverão começar já este trimestre. “Anunciámos uma reestruturação que nos permite optimizar os custos de base em áreas de baixo crescimento no nosso portefólio e investir em áreas-chave e prioriárias, tais como a segurança, a Internet das Coisas, colaboração, nova geração de data centers e a cloud. Esperamos reinvestir parte substancial das poupanças destes custos”, explica um comunicado da companhia.

A empresa não especificou em que regiões vão ser feitos os cortes. O PÚBLICO questionou a Cisco em Portugal sobre eventuais impactos dos despedimentos nesta subsidiária, mas a empresa não quis comentar. O número de postos de trabalho que serão eliminados é, no entanto, substancialmente inferior ao que foi noticiado esta semana, quando vários órgãos de comunicação apontaram para um possível despedimento de 14 mil pessoas.

O anúncio foi feito durante a apresentação de resultados anuais da Cisco. Os números mostram uma empresa cuja facturação não está a crescer, mas que tem conseguido melhorar as margens do negócio e que teve um grande crescimento anual dos resultados líquidos. "Conseguimos mais um trimestre sólido e um bom ano fiscal, em que aumentámos tanto as nossas margens brutas como as marges operacionais", afirmou o vice-presidente e responsável financeiro, Kelly Kramer.

Entre Maio e Julho (o último trimestre no ano fiscal da empresa) as receitas cresceram 2%, para 12,6 mil milhões de dólares, aproximadamente 11 mil milhões de euros. Já o balanço anual é nulo, com a empresa a fechar com os mesmos 49,2 mil milhões de dólares de vendas que tinha feito no ano passado. O lucro, porém, cresceu 7% no trimestre passado e disparou 20% quando contabilizado o ano completo. Para o próximo trimestre, a Cisco antecipa que as vendas não registem grandes variações face ao mesmo período do ano passado, com projecções de que caiam ou aumentem, no máximo, 1%.

Os cortes de pessoal têm sido recorrentes na Cisco. Há dois anos, e na altura sob a liderança de outro presidente executivo, a multinacional anunciou, também em Agosto, uma redução de seis mil funcionários, embora tenha depois criado novos postos de trabalho.

A empresa é a segunda grande multinacional tecnológica a anunicar reduções este ano. Em Abril, a Intel comunicou planos para cortar 12 mil trabalhadores, aproximadamente 11% do total.

Ao final da tarde desta quinta-feira, as acções da Cisco no Nasdaq caíam 1,27%.

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