A rádio vai de saída

O RadioGarden reúne num único site centenas de estações, programas de arquivo e histórias de quem ouviu o seu mundo a expandir-se através da telefonia.

Foto
DR

Quioto, anos 1960: Magz Hall surpreende-se quando a pop lhe entra em casa através de um programa religioso na rádio. Silicon Valley, anos 1980: Alec Badenoch perde-se na música que lhe chega das emissoras estudantis. Utrecht, sem data: Anya Luscombe foge para o quarto para ouvir a BBC2 e alimentar a sua nacionalidade-dupla com as ondas que chegam de Inglaterra. Do outro lado do Canal da Mancha, em Reading, Peter Lewis sintoniza o jazz vindo de Paris.

Copenhaga, Estocolmo, Karlsruhe, Milão, Madrid – as histórias repetem-se e falam todas de como a rádio acrescentou, confortou, libertou gente deslocada ou a muitos quilómetros dos seus locais de pertença cultural, social, política. Como acontece agora com a Internet. Histórias que estão reunidas no RadioGarden, que nasceu no seio dos Transnational Radio Encounters. Um projecto ambicioso mas singelo que reúne num site, além de testemunhos de radiófilos, arquivo de programas de rádio, jingles e streaming de emissões de todo o mundo.

Funciona como nos filmes: roda-se o globo e escolhe-se com o cursor uma paragem ao acaso. Podemos acertar em Sines, Cagliari, Split, Beirute, Almaty, Banguecoque, Bissau ou Kingstown. Não há fronteiras, nem haverá. Pelo contrário: às centenas de estações de rádio que podemos ouvir, em múltiplas línguas e com a diversidade que se esperaria, os promotores deste projecto de circum-navegação radiofónica continuam a actualizar a lista e a pedir inscrições. Foram séculos de globalização para aqui chegar – e não há proteccionismo que os tolha.

Sugerir correcção
Comentar