Rebanho colectivo e rádio infantil finalistas de concurso de ideias portuguesas

Gulbenkian volta a apoiar projectos de inovação social com portugueses da diáspora.

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Projecto Fruta Feia já evitou o desperdício de 98 toneladas de frutas e hortaliças. Nuno Ferreira Santos

Uma rádio online para crianças que falem português e que vivam fora do país e um rebanho colectivo na aldeia de Rio Frio cujas cabras podem ser adoptadas por emigrantes são dois dos dez projectos finalistas da edição deste ano do concurso de inovação social Faz-Ideias de Origem Portuguesa, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian.

“Lá se pensam, cá se fazem” é o mote deste concurso de empreendedorismo social dirigido a candidatos a viver fora de Portugal que tenham ideias na área do ambiente, inclusão social, envelhecimento, participação da sociedade civil na resolução dos problemas sociais, entre outros. Cada ideia tem de ser apresentada por três elementos, um deles tem de residir no estrangeiro. Em todas as edições são escolhidos dez finalistas, este ano houve 54 ideias a concurso com 200 participantes portugueses de 29 países. A 11 de Junho vai ser conhecido o vencedor desta quarta edição do Faz.

Da lista de finalistas deste ano, cujos participantes irão todos receber uma formação dada pelo Instituto de Empreendedorismo Social, fazem ainda parte um projecto-piloto para criação de um jardim de borboletas e viveiro de plantas num centro social de Lisboa (Cidade com Asas), a comercialização de produtos da colmeia, como o mel, pólen e a cera (BEERURAL), um projecto de acesso às artes em áreas do país com pouca oferta (Manta de Retalhos) ou um projecto de reaproveitamento de cabos e carregadores, através da sua recolha, selecção e comercialização (Ligação Solidária 123). O vencedor receberá 25 mil euros, 15 mil euros vão para o segundo classificado e 10 mil euros para o terceiro.

No ano passado ganhou o projecto Sumos Portugal, que consiste na criação de pontos de venda ambulante de sumos de frutas e outros produtos hortícolas naturais, vendidos por pessoas com deficiência. Em segundo lugar ficou o Salva a lã portuguesa – a ideia é que a lã das ovelhas, que costuma ser deitada fora, seja comprada a produtores nacionais e que sejam formadas pessoas que saibam fiar. A Plantei.eu, que ficou em terceiro lugar, consiste na criação de uma plataforma online europeia de promoção e suporte da troca de sementes, contribuindo para a preservação da biodiversidade agrícola. Estes três projectos ainda estão ainda em fase de implementação, informa a fundação.

De vento em popa parecem estar dois projectos da edição de 2013. O próximo concerto da Orquestra XXI está marcado para 28 de Junho na Casa da Música. Este projecto juntou cerca de 50 músicos portugueses que tocam nas melhores orquestras de todo o mundo e que vêm de propósito a Portugal para realizar concertos, alguns dos quais gratuitos, e dinamizar academias de música nacionais. A orquestra nasceu em 2013 e fez três digressões nacionais.

Já o projecto Fruta Feia, que ganhou o segundo prémio nesse ano, informa no seu site que, no “primeiro ano de e meio de funcionamento e com os actuais 650 consumidores associados, evitou o desperdício de 98.539 quilos de frutas e hortaliças.” O projecto foi criado para diminuir o desperdício de fruta que, “apesar de ser saborosa e de qualidade, não tem o aspecto ‘bonitinho’ que a grande distribuição procura e que os consumidores escolhem”. Foi uma ideia de uma portuguesa a viver em Barcelona. O mote é “Gente bonita come fruta feia”.

Já no projecto Arrebita! Porto, que venceu a primeira edição, em que um grupo de arquitectos pretendia oferecer a possibilidade de senhorios de prédios degradados reabilitarem o seu imobiliário a custo zero, chegou ao fim no final de 2014. Numa nota deixada na página do Facebook do projecto diz-se "que o desenho colaborativo do projecto contém um número de falhas que o tornam inviável." Diz-se que falharam as três premissas de base, nomeadamente que os trabalhos de obra seriam executados por jovens arquitetos e engenheiros voluntários, que os produtos e serviços seriam doados no quadro de mecenato social e que a coordenação dos trabalhos seria assegurada por universidades.

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