Cooperativa já impediu desperdício de mais de 50 toneladas de "fruta feia"

Projecto já agrega 450 produtores e a lista de espera é de 2500.

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Grupo Fonte Viva junta fruta ao negócio da distribuição de águas Pedro Cunha

O projecto Fruta Feia evitou que mais de 50 toneladas de desperdício de frutas e hortaliças tenham ido para o lixo, um resultado que surpreende os próprios fundadores da cooperativa.

"É uma grande emoção para nós. Estamos a trazer do campo cerca de duas toneladas por semana, o que para os agricultores significa uma rentabilidade extra já bastante significativa e esse era o maior objectivo do nosso projecto", explicou em declarações à agência Lusa, Isabel Soares, uma das mentoras do projecto.

A responsável reconhece que no início da Cooperativa Fruta Feia não estava à espera de uma adesão "tão grande" por parte dos consumidores, lembrando que há cerca de um ano eram 100 os associados, e agora, contam já com 450 e uma lista de espera de cerca de 2500.

A cooperativa Fruta Feia resulta de uma ideia de quatro amigos para aproveitar cerca de um terço da fruta e vegetais que os supermercados desperdiçam, por considerarem que não têm o aspecto perfeito que os consumidores procuram.

"O primeiro objectivo deste projecto foi largamente alcançado, que era o de valorizar estes produtos junto dos agricultores", frisou Isabel Soares, lembrando que o próximo passo será a abertura de uma terceira delegação, ainda nas imediações de Lisboa, mas a funcionar de forma autónoma.

"Queremos abrir o terceiro ponto de entrega no início do próximo ano, mas queremos que funcione como unidade piloto para replicação a nível nacional fora de Lisboa. Funcionará independentemente da nossa gestão de forma também a podermos optimizar o modelo de gestão", explicou.

Para colocar em prática este novo desafio, Isabel Soares contou que é só preciso encontrar financiamento, já que há pessoas interessadas em dinamizar uma delegação em outros pontos do país, lembrando que o desperdício de fruta não se dá somente na região oeste.

"Temos muitas pessoas que se revêem nos valores da cooperativa, pessoas interessadas em consumir e agricultores. Temos todos os recursos chaves" para a abertura de mais pontos, avançou.

Isabel Soares explica ainda que cada ponto de entrega torna-se "auto-sustentável financeiramente" quando é iniciada da venda da fruta e alcançado o número mínimo de sócios, mas para a sua abertura existem custos iniciais como a compra de algum material e uma carrinha de transporte.

"Se formos depender do lucro da cooperativa, a replicação nunca vai acontecer com a celeridade que o programa impõe. Os espaços [onde é vendida a fruta] são grátis cedidos por associações, isso faz parte do nosso modelo de negócio, mas é complicado arranjar alguém já com uma carrinha", acrescenta Isabel Soares, adiantando ser necessário o recurso a fundos europeus para colocar em prática a expansão.

Actualmente, as cestas de fruta feia - pequenas com 3/4kg e cinco a sete variedades e a grande com 6/8kg e sete a nove variedades, compostas por frutas e hortaliças, que variam semana a semana conforme a altura do ano - podem ser recolhidas às segundas-feiras na Casa Independente, no Intendente, e às terças-feiras no Ateneu Comercial de Lisboa.

"Gente bonita come fruta feia" é o lema do projecto que pretende associar "bons ideais às pessoas que estão dispostas a comer" esta fruta não normalizada para evitar o desperdício alimentar, explicou Isabel Soares.

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