Homem suspeito de matar a mãe e a irmã na Madeira fica em prisão preventiva

As duas mulheres morreram em casa, em Santana, e o pai continua internado em estado crítico.

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Tribunal do Funchal Rui Gaudencio / PUBLICO

O suspeito da autoria do duplo homicídio ocorrido na madrugada de domingo em Santana, Madeira, ficou em prisão preventiva.

O homem de 51 anos foi ouvido durante a tarde desta segunda-feira por um juiz de instrução criminal no Tribunal da Comarca da Madeira, em primeiro interrogatório judicial, regressando depois ao Estabelecimento Prisional do Funchal, onde já tinha passado à noite, agora com a medida de coacção mais gravosa. Está indiciado por dois crimes de homicídio qualificado e por um crime de homicídio qualificado na forma tentada.

Às vítimas, duas mulheres de 74 e 53 anos, a mãe e a irmã do arguido, foram baleadas na cabeça enquanto dormiam em casa e morreram no local. O pai do suspeito, de 78, foi também atingido por o que a Polícia Judiciária acredita ter sido um disparo de caçadeira, e continuava ontem à noite internado em estado crítico na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.

Na origem do crime estarão questões financeiras relacionadas com a partilha dos bens da família. O crime, que chocou todos na pacata cidade de Santana, onde vivem menos de quatro mil pessoas, aconteceu pouco depois da meia-noite de domingo, ensombrando as festas da freguesia. 

Foi o arraial em honra da padroeira da Ilha, uma das freguesias do concelho, que motivou o regresso da família a Santana. Os pais do suspeito estão emigrados em França, e a irmã vive no Algarve, onde a família tem interesses imobiliários.

"Todos os anos marcavam as férias para esta altura [Julho/Agosto], porque a senhora [a mãe] era muito devota", contou na altura ao PÚBLICO o comandante dos Bombeiros Voluntários de Santana (BVS) e amigo da família, José António Freitas.

Detido num bar

O crime foi descoberto pelo sobrinho do suspeito, filho da vítima mais nova, que antes de ir para a festa, decidiu passar por casa, que fica bem no centro da cidade, no sítio das Queimadas e Fontes. Quando entrou, deparou-se com um cenário de horror e alertou as autoridades. Um efectivo da PSP, reforçado por elementos dos concelhos vizinhos, acorreu ao local e escoltou os bombeiros.

"Não sabíamos o que íamos encontrar. Se estava alguém armado em casa", explicou o comandante dos BVS, acrescentando que as duas mulheres estavam já mortas, deitadas na cama, enquanto o homem que apresentava "alguns sinais vitais" foi levado para o hospital.

O suspeito viria a ser detido cerca de uma hora depois no bar C/Tradições, nas imediações da casa da família. Segundo testemunhas, citadas pela imprensa local, aparentava estar embriagado, mas calmo não oferecendo resistência à detenção. Estava desarmado. A Polícia Judiciária, que tomou conta do caso, passou todo o dia a vasculhar a zona à procura da arma do crime, mas até esta segunda-feira não a tinha encontrado.

Na cidade, onde todos se conhecem, o suspeito é descrito como um homem solitário. Ao PÚBLICO, o presidente da Junta de Freguesia de Santana, Ricardo Teixeira, recordou que o homem terá protagonizado alguns episódios de desavenças em bares. "Nada de fizesse prever uma coisa destas", disse.

Era o único da família que vivia na Madeira, depois de uns anos emigrado em França. Fazia alguns "biscates", cuidava da casa e dos terrenos da família e geria um site de encontros para solteiros. "Não era de muitas conversas, mas não incomodava ninguém", acrescenta o autarca.

Este foi o quinto crime de homicídio registado este ano na Madeira. Foi também o segundo com armas de fogo. 

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