Homem sem-abrigo acusado de matar e queimar outro no Porto não quis falar em tribunal

Em Abril de 2016, o corpo da vítima foi descoberto por um grupo de estudantes num armazém abandonado.

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Julgamento decorre no Tribunal São João Novo, no Porto Paulo Pimenta

Um homem acusado de matar e queimar outro (ambos sem-abrigo) nas instalações de uma antiga fábrica da EDP, na Estrada da Circunvalação, no Porto, em 2016, recusou nesta quinta-feira prestar declarações em tribunal.

Chamados a testemunhar no Tribunal São João Novo, no Porto, inspectores da Polícia Judiciária (PJ), que estiveram envolvidos na investigação do caso, contaram que o arguido, aquando da sua detenção, confessou a autoria do crime e ajudou na sua reconstituição.

Em Abril de 2016, o corpo da vítima foi descoberto por um grupo de estudantes num armazém abandonado e em avançado estado de decomposição.

Um dos inspectores que participaram nas diligências ao local, no dia seguinte à descoberta do cadáver, relatou que o crime devia ter sido de “extrema violência” dadas as múltiplas fracturas detectadas na autópsia.

Depois de ter sido detido, o arguido participou na reconstituição, indicando à PJ o local onde estava um ferro alegadamente usado na agressão à vítima mortal, contou.

Além de uma “extensa” mancha de sangue no chão e de salpicos nas portas de entrada do armazém onde foi descoberto o corpo, a testemunha relatou que havia “sinais de arrastamento” do corpo e “indícios” de incêndio porque existiam cobertores e papelões queimados. E acrescentou: “Concluímos que a agressão mortal à vítima foi feita na entrada do armazém, depois foi arrastada e queimada.”

Dois dos estudantes que encontraram o cadáver explicaram que tinham ido àquele local para realizar uma praxe académica, mas sentiram um “cheiro nauseabundo” e decidiram ir ver o que era, momento em que descobriram o corpo debaixo de uns cobertores e cartões, chamando logo a polícia.

A psicóloga que acompanhava a vítima mortal por causa do Rendimento Social de Inserção (RSI), descreveu-a como “educada, humilde e receptiva”.

Questionada sobre se aparentava sinais de toxicodependência foi perentória em dizer que não, lembrando que andava sempre “apresentável”, não parecendo uma pessoa que vivia na rua.

A testemunha revelou que, no final de Fevereiro desse ano, a vítima havia recebido cerca de 1400 euros, soma relativa a retroactivos do RSI.