Estudantes contestam alterações no Politécnico do Porto

Uma reforma formativa sem data anunciada está em curso para o Instituto Politécnico do Porto. As alterações não foram bem recebidas pelos estudantes que já fizeram circular um manifesto online, que já conta com cerca de 400 signatários.

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O processo terá "muito em conta a participação e opinião dos alunos" afirma Rosário Gamboa, presidente do IPP. Paulo Pimenta

A Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação (AEESE) contestou esta quinta-feira a reestruturação da oferta formativa do Instituto Politécnico do Porto (IPP), numa posição similar à adoptada pelos autores de uma petição pública publicada na Internet. A presidente do IPP, Rosário Gamboa, disse na passada quarta-feira que esta instituição de Ensino Superior vai operar uma reforma que inclui passar das actuais sete escolas para oito. De forma geral, a reestruturação traduz-se na reafectação de 17 cursos entre unidades orgânicas, na descontinuidade de dois e na criação de três novos.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da AEESE, Mónica Fonseca, explicou que é "contra", avançando que "os estudantes não foram ouvidos com antecedência" e explicando que há casos de alunos de serão "deslocados 30 quilómetros".

A dirigente referiu-se ao facto de estarem previstas mudanças no polo 2 do IPP, o de Vila do Conde/Póvoa de Varzim, que actualmente é ocupado pela Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG), unidade que será transformada em Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT), somando-se a criação da Escola Superior de Media e Design (ESMD).

Sobre esta matéria Rosário Gamboa explicou na quarta-feira que "vão regressar" ao polo duas disciplinas ligadas à multimédia e audiovisual que actualmente estão na Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo (ESMAE), localizada no centro do Porto, bem como "será reforçada" a oferta de hotelaria com formações do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), localizado em Matosinhos.

Em sentido inverso, alguns cursos que actualmente estão na ESEIG, nomeadamente os de engenharia, vão passar para o ISEP, enquanto dois outros para o ISCAP.

Uma posição semelhante à da associação de estudantes está espelhada numa petição pública com o nome "ESEIG - Reposicionamento Estratégico", na qual os signatários, que à data ultrapassam as quatro centenas, defendem que esta unidade irá "perder os cursos que foram a matriz da escola e que muito deram às cidades de Vila do Conde e Póvoa de Varzim".

A somar a esta petição, foi criado nas redes sociais um grupo com o nome "Não ao enterro da ESEIG", no qual está publicado um documento assinado pela Associação de Antigos Alunos da ESEIG que, entre outros aspectos, critica a direcção do IPP pela "informação disponível " ser "limitada".

Já José Pimentel, da Associação de Estudantes do ISEP, ainda que se manifeste "a favor" da reestruturação, disse à Lusa que "está preocupado" sobretudo em "garantir que a transição de alunos é feita da melhor forma possível".

Estas posições contrariam as afirmações de quarta-feira de Rosário Gamboa que vincou que a reestruturação "teve e terá muito em conta a participação e opinião dos alunos, e, através deles, das suas famílias, bem como dos docentes e outros membros da esfera académica". A presidente do IPP afirmou que as transições poderão ser feitas por etapas e "sempre com comissões de transição" associadas ao processo, "não existindo um figurino único". O IPP, esta quinta-feira novamente contactado pela Lusa, não quis, no entanto, adiantar nem datas nem prazos para que esta reforma esteja concluída.

A Federação Académica do Porto (FAP), por sua vez, confirmou ter conhecimento de que existirão "comissões de transição" a acompanhar o processo e explicou ter dado "parecer positivo" por considerar a reestruturação do IPP "necessária". "O Politécnico não pode exigir ao Governo que reorganize a rede e depois não arrumar a sua própria casa. Explicaram-nos que existem situações a corrigir, mas também compreendemos os receios dos estudantes e antigos alunos", disse o presidente da FAP, Daniel Freitas.

A agência Lusa tentou obter um comentário junto da direcção e associação de estudantes da ESEIG, bem como de outras escolas do IPP mas até ao momento não foi possível.

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