Bombeiros pedem à ministra que não os obrigue a usar "machado da paz" para lhe fazer guerra

Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses insistiu no aumento da compensação diária paga aos voluntários mas a ministra respondeu-lhe que não há dinheiro.

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Marcelo Rebelo de Sousa presidiu às cerimónias Nuno Fox/Lusa
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Marcelo Rebelo de Sousa presidiu às cerimónias Nuno Fox/Lusa

Foi um discurso com metáforas aquele que o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) fez neste domingo à tarde em Cascais, nas comemorações do Dia Nacional do Bombeiro, para exigir à ministra da Administração Interna que sejam pagos 500 mil euros em falta (e prometidos) às corporações, seja criado o cartão social do bombeiro e que seja revista a lei do financiamento às associações humanitárias, aumentando ainda o valor diário da compensação aos voluntários.

Jaime Marta Soares avisou: "Somos soldados da paz mas, se formos obrigados, desenterramos o machado da paz para fazer guerra a quem colocar em causa a nossa paz. Os bombeiros não o desejam e, por favor, não nos obriguem a fazê-lo." Antes, tinha questionado "por que é que os poderes públicos não respondem favoravelmente às propostas que lhes são apresentadas pela liga", argumentando que a entidade que dirige é um "parceiro que prefere o diálogo e que não procura criar problemas, que combate o supérfluo". Por isso, vincou, "é chegado o momento de responder concretamente aos seus constantes apelos de forma competente".

Mas o pedido não teve de Constança Urbano de Sousa a resposta que o presidente da liga esperava. A ministra desfiou um rol de medidas que o Governo tomou em prol dos bombeiros, como os 40 milhões de euros investidos em infra-estruturas, viaturas e equipamento num ano e meio, o apoio para a criação de 50 postos de trabalho nas associações humanitárias, isenções fiscais para aquisição de viaturas, a taxa de IRS mais baixa para os rendimentos do trabalho como voluntários, a isenção de impostos para a compensação pela disponibilidade, quer participem ou não no combate a incêndios.

"O país não está ainda em condições"

Sobre a compensação diária, foi explícita: "Alguns dizem que era justo aumentar. Sim, eu também o diria. Mas a verdade é que, infelizmente, o país não está ainda em condições de o assegurar." A ministra tentava assim rematar a polémica criada há dias pelo seu secretário de Estado, Jorge Gomes, ausente desta cerimónia, quando afirmou que os 45 euros diários não serão aumentados e e que os bombeiros recebiam 1350 euros mensais por esta compensação, esquecendo que não trabalham 30 dias por mês.

Jaime Marta Soares bem tinha furado o protocolo para pedir umas palavras a Marcelo Rebelo de Sousa - que não estava previsto intervir na cerimónia -, mas o Presidente da República, desta vez, preferiu não se meter na disputa com o Governo. Marcelo escolheu "duas palavras: emoção e orgulho" para falar por escassos minutos sobre os bombeiros e para se dizer orgulhoso de "ser Presidente de uma pátria que tem os melhores bombeiros do mundo".

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