Dados do Serviço de Saúde dos Açores estiveram expostos devido a esquecimento de engenheiro informático

Dados de quase todos os habitantes dos Açores estiveram expostos no site da Administração Regional de Saúde do Alentejo. Não passou de esquecimento de um engenheiro informático, diz o secretário regional da Saúde, Rui Luís.

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Caso foi enviado para o Ministério Público rui soares

O secretário regional da Saúde dos Açores afirmou nesta quarta-feira que as bases de dados do Serviço Regional de Saúde são seguras e que a divulgação de um ficheiro com dados de utentes resultou do esquecimento de um engenheiro informático.

“Não houve nenhuma violação de bases de dados do Serviço Regional de Saúde. É preciso que isso seja clarificado. Reafirmo que todas as bases de dados que são utilizadas estão seguras, em servidores próprios da Saudaçor”, referiu o secretário regional da Saúde, Rui Luís, após uma audição na Comissão Permanente de Assuntos Sociais, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

Em Março, a revista Exame Informática noticiou que dados de quase todos os habitantes dos Açores estiveram expostos no site da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo. “O ficheiro tinha o nome ‘Exportação Utentes SRSA para Reembolsos’. Quem o descobria na Internet tinha uma surpresa: numa grelha Excel estavam os dados discriminados de mais de 230 mil habitantes dos Açores”, incluindo “nomes completos, número fiscal e de utente dos serviços de saúde regionais, moradas, datas de nascimento e números de telefone e/ou telemóveis”, indicou a revista.

Aos deputados, o secretário regional da Saúde explicou que a empresa pública Saudaçor tinha um contrato de prestação de serviço com um engenheiro informático, funcionário da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, para adaptar à região uma plataforma electrónica, que visa uniformizar o sistema de reembolsos.

“Pelos factos apurados, que ele próprio relatou, em 2014 acedeu de forma segura a um ficheiro Excel que a Saudaçor disponibilizou e que ao fazer download para o seu computador, dada a dimensão do ficheiro, colocou-o numa área do ARS Alentejo”, revelou Rui Luís, acrescentando que o engenheiro informático, “atendendo ao adiantado da hora em que trabalhou o ficheiro, inadvertidamente, esqueceu-se de apagá-lo”.

Dada a gravidade do caso, Rui Luís, que foi acompanhado para a audição pela presidente da Saudaçor, Luísa Melo Alves, precisou que “o processo foi enviado a 16 de Março para o Ministério Público” para que possam ser apuradas “todas as responsabilidades criminais desta situação”.

A audição do secretário regional da Saúde surge após o requerimento do grupo parlamentar do PSD a exigir uma “investigação rigorosa” ao sucedido, “face à gravidade da situação”, que “do ponto de vista jurídico é crime”.

O deputado social-democrata Luís Maurício destacou que, “não havendo uma violação da base de dados do Serviço Regional de Saúde, houve, contudo, um acesso indevido a dados pessoais de 230 mil utentes açorianos”, que importa evitar que se repita.

O PSD pretendia ouvir também em sede de comissão o anterior secretário regional da Saúde e a ex-presidente do conselho de administração da Saudaçor, mas a maioria socialista inviabilizou-o, na votação feita em Março.

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