Um novo adversário para António Guterres? "Seria estranho", diz Marcelo

O Presidente da República considerou hoje que "seria estranho" e que "é uma probabilidade baixa" aparecer nesta fase do processo uma nova candidatura ao cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas.

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Guterres tem ficado em primeiro lugar em todas as votações Reuters

Durante o longo voo que levou Marcelo Rebelo de Sousa a Nova Iorque, para participar na 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente da República assumiu aos jornalistas que "seria estranho" e que "é uma probabilidade baixa" aparecer nesta fase do processo uma nova candidatura ao cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Eu devo dizer que, tendo estado numa reunião [do Grupo] de Arraiolos em Sófia, na Bulgária, onde estavam dez chefes de Estado, e até pelo local onde se realizava, mas por todas as razões, estou muito sereno e muito convencido de que essa probabilidade é uma probabilidade muito baixa. Seria estranho e é uma probabilidade baixa", declarou o chefe de Estado.

Marcelo adiantou que aproveitará esta deslocação de quatro dias para "muitos contactos bilaterais que, em parte, têm a ver com o objectivo da candidatura do senhor engenheiro António Guterres".

O Presidente da República viajou em voo comercial, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e aterrou em Nova Iorque às 19h30 de domingo, hora local (0h30 de hoje em Lisboa). A sua comitiva oficial nesta visita, que termina na quinta-feira, incluirá também o antigo Presidente da República Jorge Sampaio.

Esta 71.ª sessão da Assembleia Geral da ONU decorre a meio do processo de escolha do novo secretário-geral desta organização internacional, processo que deve ficar concluído dentro de um mês.

Questionado se acredita que entretanto ainda pode surgir uma nova candidatura, o Presidente da República disse subscrever "a posição expressa pelo senhor primeiro-ministro e pelo senhor ministro dos Negócios Estrangeiros" e manifestou-se crítico em relação a um cenário desses. "Seria muito estranho que, depois de haver um processo aberto como nunca houve, audições, debates, depois de haver sucessivas votações, na vigésima quinta hora aparecesse uma candidatura que não foi a debates, não foi a audições, não se submeteu a nenhum voto e era adotada no final", afirmou.

Contudo, Marcelo Rebelo de Sousa repetiu que há "grande serenidade" entre os apoiantes de António Guterres e elogiou a "grande consistência" da candidatura do antigo primeiro-ministro e ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

"Comparando com processos anteriores nunca ninguém teve tantas vitórias com tanta distância em relação aos outros", referiu, concluindo: "Sem desprimor para os outros candidatos, de facto é uma candidatura excecional. Logo, há uma grande serenidade".

Interrogado se não teme manobras de bastidores, por exemplo, de membros do Partido Popular Europeu (PPE), respondeu: "Não. Neste momento continuamos muito serenos".

O Presidente da República declarou que vai a Nova Iorque "combinado com o primeiro-ministro e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, para revelar a unidade da política externa portuguesa" e falar de "grandes temáticas" como as alterações climáticas, os oceanos, a integração europeia e os refugiados.

No que respeita aos refugiados, salientou que vai estar acompanhado pelo antigo chefe de Estado Jorge Sampaio, que actualmente preside à Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios e foi Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações entre 2007 e 2013.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "a presença do Presidente Jorge Sampaio é fundamental", porque "tem uma autoridade especial" nesta matéria.

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