PSD ouviu entrevista do líder sem surpresas

Os sociais-democratas esperavam mais da entrevista do seu líder, Pedro Passos Coelho? Aparentemente, já não. Fontes do partido ouvidas pelo PÚBLICO consideraram previsíveis e expectáveis as declarações que fez na noite de quinta-feira à SIC.

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Passos Coelho deu uma entrevista à SIC Nuno Ferreira Santos

Passos Coelho assegurou que não se demitirá em caso de derrota autárquica, o que não surpreendeu o partido. Primeiro porque declaração em sentido contrário seria atirar a ‘toalha ao chão’ e ,em segundo lugar, porque é esperado que Passos Coelho não desista e vá disputar eleições internas nas directas que antecedem o próximo congresso, previsto para o início de 2018.

Apesar do tom de desdramatização sobre as autárquicas – “se não ganhar em Lisboa e noutros concelhos não é uma tragédia” – há quem já tivesse apontado a espada ao líder. “A generalidade das escolhas do presidente significam a desistência do PSD da sua verdadeira vocação [a autárquica]”, afirmou esta semana ao Observador Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD.

A benevolência de Passos Coelho em relação ao Presidente da República também foi a esperada pelos sociais-democratas que apreciam o institucionalismo do líder. Passos Coelho apenas criticou a atitude de Marcelo Rebelo de Sousa ao não ter defendido o Conselho de Finanças Públicas e a sua presidente, Teodora Cardoso, quando estiveram sob fortes críticas do primeiro-ministro e do BE e PCP.

Os mais críticos apontam a falta de capacidade de lançar outros temas que não os de finanças e economia. Os comentadores no espectro do centro-direita, como António Lobo Xavier, e José Pacheco Pereira, até concordam com a ideia de que Passos Coelho “tem razão em algumas coisas” relativamente à política económica do Governo, mas que é pouco. “É preciso explicar qual seria o seu programa e o que faria de diferente”, apontou o ex-líder centrista Lobo Xavier no programa Quadratura do Círculo, da SIC. Pacheco Pereira foi mais duro: “O problema de Pedro Passos Coelho está na bandeirinha na lapela. Significa que nunca fez o luto de primeiro-ministro”.  

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