Congresso Democrático das Alternativas chega ao fim

O movimento pôs hoje termo às atividades que vinha a desenvolver desde 2012 contra as políticas de austeridade impostas pela 'troika', considerando que contribuiu para a derrota eleitoral da direita, no ano passado.

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Carvalho da Silva era um dos fundadores do CDA Nuno Ferreira Santos

Através de um comunicado difundido hoje, a Comissão Organizadora do Congresso Democrático das Alternativas (CDA) que mobilizou milhares de portugueses contras as políticas do Governo de coligação PSD/PP – concluiu, “após reflexão”, que as atividades do organismo chegaram ao fim.

“Essa reflexão, em reuniões realizadas em 8 de Maio e 5 de Junho, apontou, por um lado, para o reconhecimento unânime do contributo do Congresso Democrático das Alternativas (CDA) para a criação de condições para a viragem política conseguida depois das eleições de 2015 para a Assembleia da República e, por outro, para a conclusão maioritária, embora não consensual, de que o CDA havia esgotado as suas possibilidades e capacidades de intervenção, no quadro organizativo e político em que foi constituído, devendo pôr termo formal às suas atividades”, indica o comunicado.

Mesmo assim, a comissão organizadora sublinha que a decisão “é acompanhada da percepção” de que, para ultrapassar pressões internas e externas que “condicionam” a maioria parlamentar e o Governo e para criar condições para novos avanços políticos futuros, o diálogo interpartidário e parlamentar e as convergências estabelecidas “não são suficientes”.

Para aquele organismo, apesar do termo das actividades do CDA, é necessária uma "renovação programática" permanente e ambiciosa além da mobilização cidadã, defendendo novas dinâmicas de activismo social e político que envolvam os partidos “e ao mesmo tempo os transcendam, no sentido de desenvolver e consolidar uma clara maioria social e política” de apoio às alternativas à austeridade, em Portugal e na Europa.

“Esta mobilização e este activismo são o lugar de encontro futuro de todos os que se empenharam no Congresso Democrático das Alternativas”, sublinha o comunicado.

A comissão organizadora recorda também que as actividades do CDA ocorreram num período de “grande mobilização popular" e de enormes manifestações contra a política de austeridade conduzida pelo Governo da direita e pela 'troika' (Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu).

O primeiro acto do Congresso Democrático das Alternativas ocorreu no dia 05 de outubro de 2012, reunindo na Aula Magna, em Lisboa, mais de mil e setecentas pessoas, em resposta à convocatória de mais de trezentos e cinquenta cidadãos "de variadas sensibilidades e experiências políticas e sociais" de todo o país.

Em Maio de 2013, o CDA organizou a conferência “Vencer a Crise com o Estado Social e a Democracia” e, no mesmo ano, publicou o relatório “A Crise, a Troika e as Alternativas Urgentes”.

Em 2014 divulgou o relatório “Estado Social, de Todos para Todos” e organizou a conferência “Governar à Esquerda” além de diversas atividades ocorridas em 2015.

“O ciclo eleitoral iniciado com as eleições para o Parlamento Europeu em Junho de 2014, intensificado com as eleições para a Assembleia da República de Outubro de 2015 e só encerrado com as presidenciais de Janeiro de 2016, absorveu energias de muitos dos apoiantes do CDA e contribuiu para reduzir a sua dinâmica”, frisa a comissão organizadora.

O documento é assinado por António Eduardo Pereira, Henrique Sousa, José Vítor Malheiros, Manuela Graça e Ricardo Paes Mamede.

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