CDS-PP vai impor agenda sobre Segurança Social

Centristas acusam esquerda de falta de empenho para os compromissos que pede o Presidente da República.

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O deputado Diogo Feio coordena o gabinete de estudos do CDS Pedro Maia

Depois do pacote da natalidade, o CDS-PP vai avançar para outros temas para tentar impor uma agenda própria. A Segurança Social deverá ser o próximo. A estratégia do partido assenta em dois pilares: um mais reactivo, que se concretiza no Parlamento; e outro que se materializa em propostas em áreas específicas, para tentar marcar a actualidade. O objectivo é também procurar fazer pontes com outros partidos, mas o chumbo dos projectos da natalidade pelas bancadas da esquerda foi um “péssimo sinal”, reconhece Diogo Feio, coordenador do gabinete de estudos.

O chumbo de quase todo o pacote da natalidade pela maioria de esquerda – só passaram nove projectos que baixaram à comissão sem votação – não vai provocar uma mudança de estratégia no CDS. O partido liderado por Assunção Cristas continuará a apostar em agenda própria nos mesmos moldes do pacote da natalidade discutido na passada quinta-feira no Parlamento. Nas palavras da presidente do CDS este agendamento não foi “one shot [um tiro único]”.

O gabinete de estudos tem vários grupos a trabalhar em seis áreas – social, orçamento e finanças, economia, Portugal no mundo, e sistema político e soberania – e os resultados serão visíveis no Parlamento. Um dos próximos temas será a reforma do sistema de pensões sobre o qual o CDS fará um debate no partido – 19 de Maio – em que já poderá ter uma proposta em cima da mesa, como base de discussão. O PS tem-se recusado a dialogar sobre esta matéria, acusando CDS e PSD de pretenderem cortar 600 milhões de euros na despesa do sistema. “Não vamos por aí. Mas a Segurança Social é um tema que tem tanto de difícil como estrutural”, admite Diogo Feio.

A questão da sustentabilidade da Segurança Social foi um dos temas que Assunção Cristas apontou como prioritário no discurso de encerramento do congresso, no passado mês de Março. Só que os consensos com o PS avizinham-se impossíveis. “O Presidente da República – e bem – tem sublinhado a necessidade de compromisso e a esquerda chumbou tudo. Acho um péssimo sinal”, afirmou ao PÚBLICO Diogo Feio, apontando o dedo ao PS, PCP, BE e PEV: “Se isto continuar assim, é óbvio quem são os responsáveis por não haver acordos e consensos”.

O coordenador do gabinete de estudos garante que o resultado da votação “não vai limitar em nada” o partido na apresentação de propostas. Além da Segurança Social, há grupos de trabalho a preparar propostas na área da economia, nomeadamente sobre empreendedorismo e simplificação administrativa, e na saúde (sobre a ADSE, por exemplo). Há ainda outra questão a que Assunção Cristas deu destaque no último congresso do CDS-PP, em Março: a supervisão bancária. No congresso, a líder do partido propôs uma alteração à forma de nomear o governador do Banco de Portugal, que implicava uma revisão constitucional, que foi rejeitada de imediato pelo PS. Essa era apenas uma das medidas da revisão da regulação do sistema financeiro. O tema ficará, no entanto, em banho-maria enquanto decorrer a comissão de inquérito ao Banif, ou seja, até ao final da sessão legislativa em Julho.

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