BE diz que PT está a despedir para substituir por temporários

Catarina Martins diz que contratação para substituir trabalhadores que estão a ser despedidos "é ilegal". BE fez queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho.

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LUSA/MIGUEL PEREIRA DA SILVA

A coordenadora do Bloco de Esquerda revelou este domingo que a PT está a contratar trabalhadores temporários para ocuparem o lugar de trabalhadores que pretende despedir e contou que o BE denunciou a situação à Autoridade para as Condições do Trabalho. No que diz respeito à precarização do trabalho e a situações como esta, Catarina Martins quer que o Governo vá mais longe para evitar que outras empresas façam o mesmo. 

Catarina Martins referia-se a uma nova estratégia da PT, detida pela Altice, para redução de trabalhadores, que passa pela transferência de alguns funcionários para empresas recém-criadas. Tal como o PÚBLICO noticiou em Junho, por exemplo, trabalhadores da área informática da PT Portugal (Meo) foram chamados à sede da empresa para serem informados que a partir do dia 1 de Julho deixariam de ser trabalhadores da PT, passando automaticamente para a Winprovit – Soluções Inteligentes. Quem não quisesse esta solução, teria de abandonar a PT.

A PT "está a tentar, por meios fraudulentos, dispensar trabalhadores transportando-os da empresa principal para outras mais pequenas, que não têm património, para assim ir despedindo e nem sequer pagar as indemnizações a que têm direito", disse a coordenadora do BE, na praia fluvial de Valhelhas, concelho da Guarda, onde participou num convívio de verão dos bloquistas. "O que está a acontecer na PT é um dos maiores processos de despedimento e de precarização do trabalho que já vimos em Portugal", defendeu. E por isso, é necessário travar estes processos para que não sejam copiados por outras empresas. 

"Se não travarmos isto, estamos a dar carta branca a todas as empresas que queriam substituir trabalhadores por trabalhadores que sejam mais baratos, em empregos temporários ou com contratos temporários de todo o tipo", defendeu, pedindo uma intervenção do Governo. "É uma fraude e o Governo português não pode deixar passar porque nós temos de ser um país em que quem trabalha é respeitado”, disse.

Nesse encontro de bloquistas que faz parte de uma série de iniciativas neste mês de Agosto para contraria o habitual período de silly season, a coordenador do BE fez esta denúncia, considerando a situação como "inenarrável" e "fraudulenta".

Em causa está um anúncio de emprego da PT, que dava conta da contratação de "familiares ou amigos" para a empresa, através de uma empresa temporária. Segundo informou a coordenador do BE, a PT “escreveu uma carta aos mesmos trabalhadores que está a dispensar, perguntando se têm amigos que queiram ir para uma empresa de trabalho temporário trabalhar na MEO”. “A PT está a dizer aos trabalhadores que está a despedir - porque diz que tem gente a mais - que quer contratar os seus amigos para uma empresa de trabalho temporário que vai fazer o mesmo serviço que eles estão a fazer na MEO; quanto desplante, quanto desrespeito pelos trabalhadores”, acrescentou.

Para que o assunto não fique por aqui, o BE enviou o conteúdo para a Autoridade para as Condições do Trabalho, "para a mesma empresa onde a PT está a despedir, para que ninguém tenha dúvidas de que o que a PT está a fazer é ilegal”, afirmou a coordenadora do BE.

No mesmo discurso, Catarina Martins voltou a pedir que seja aprovada a lei que acaba com os cortes nas pensões antecipadas para longas carreiras contributivas.

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