Acertar nas competências para pôr as pessoas a trabalhar

Em Portugal, as inscrições na formação profissional têm aumentado. Importa em especial aumentar a incidência da formação ao longo da vida e encorajar a aprendizagem em contexto laboral.

Para ter sucesso e uma vida profissional gratificante, é indispensável que as pessoas disponham das competências certas. São muitas e diferentes as vias de adquirir competências. A educação e a formação profissionais (EFP), de que se destaca a aprendizagem em alternância, é uma delas, aliando uma sólida aprendizagem em contexto laboral à teoria necessária.

Infelizmente, a aprendizagem e outras formas de EFP continuam a ser vistas pela maioria como uma segunda escolha relativamente ao ensino universitário e académico, quando, na realidade, são um dos métodos mais eficazes de dar às pessoas as competências de que o mercado laboral necessita. Cerca de 40% dos empregadores europeus não conseguem encontrar candidatos com as competências adequadas para desenvolver as suas empresas e inovar. Esta é uma realidade dramática, se pensarmos que mais de 20 milhões de pessoas na Europa estão à procura de emprego. É urgente intervir para colmatar esta inadequação entre procura e oferta de competências.

Por conseguinte, é com grande prazer que anuncio a realização da I Semana Europeia das Competências Profissionais, que terá início em 5 de dezembro. Centenas de eventos terão lugar por toda a Europa, e Portugal não é exceção. O objetivo desta iniciativa é sensibilizar para os resultados positivos da EFP e, assim, mostrar como é possível, através da formação profissional, preparar os jovens para um começo harmonioso das suas vidas profissionais e ajudar os trabalhadores mais experientes a manterem atualizadas as suas competências ou transitarem mais facilmente de carreira.

Em Portugal, as inscrições na formação profissional têm aumentado. Importa em especial aumentar a incidência da formação ao longo da vida e encorajar a aprendizagem em contexto laboral. A Europa apoia Portugal com 3,8 mil milhões de euros destinados à educação e à formação através do Fundo Social Europeu. Dadas as elevadas taxas de desemprego, o país deve, mais do que nunca, investir no seu capital humano para otimizar a oferta e a procura de emprego e a formação profissional é uma excelente maneira de adquirir as competências de que o mercado de trabalho necessita.

A Nova Agência de Competências para a Europa, que a Comissão propôs em junho, conta entre os seus objetivos cruciais fazer da EFP uma primeira escolha. Para que possamos atacar as causas profundas do desemprego, não podemos ignorar as competências. Os países mais competitivos na UE, e em todo o mundo, são os que mais investem nesta área.

A Comissão Europeia faz o seu papel. Começam a dar frutos os nossos programas de combate ao desemprego juvenil, no âmbito dos quais nove milhões de jovens usufruem agora de uma boa oferta de emprego, formação contínua, aprendizagem ou estágio. Lançámos também várias iniciativas destinadas a aproximar governos e empresas, parceiros sociais, prestadores de EFP e outros agentes importantes, no intuito de reforçar a qualidade, a oferta e a imagem dos programas de aprendizagem na Europa.

Por último, dentro de alguns dias, a Comissão apresentará a sua Iniciativa para a Juventude, que visa multiplicar as oportunidades de os jovens acederem ao mercado de trabalho. Esta iniciativa incluirá o lançamento do Corpo Europeu de Solidariedade, que proporcionará aos jovens interessados pela dimensão social o ensejo de contribuir significativamente para a sociedade e dar provas de solidariedade.

Trata-se de uma oportunidade de levar a ajuda onde ela é mais necessária para dar resposta aos desafios sociais mais urgentes, como as pessoas que vivem na pobreza, a integração dos refugiados ou situações de catástrofes naturais. Esperamos que 100.000 jovens possam arranjar um primeiro emprego ou estar envolvidos numa experiência de voluntariado até 2020.

A primeira edição da Semana Europeia das Competências Profissionais dará ainda maior visibilidade a estes esforços aos níveis europeu, nacional, regional e local. Deixo aqui aos organizadores dos vários eventos a realizar em Portugal votos de sucesso nas suas iniciativas para mostrar que a educação e a formação profissionais são uma boa forma de dar emprego às pessoas.

Marianne Thyssen, comissária europeia do Emprego, Assuntos Sociais, Competências e Mobilidade dos Trabalhadores

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